Instalei um chip em mim; pedi um de 128 gigabytes, deram um de 64 gigabytes. Pedi um chip transparente, veio um verde-escuro. Quis um com wifi, só tem 4g, de maneira que me conecto com tudo que é telefone do mundo!!! Eu apenas penso, tocam os telefones à minha volta. Engraçado ver as pessoas desesperadas para atender a porra dos telefones. Dirigindo, dentro dos ónibus, no metró...Pára tudo: Atende o telemóvel!!!! Bizarro, bizarro.
O tal chip permite-me controlar as luzes de casa. Entro e digo:
--Luzes!
Às vezes, elas não entendem, tenho de gritar:
--LUZESSSS!!! CARALHOOOO!!!
Aí as luzes acendem. Porém, tocam os telefones, a geladeira abre a porta e o forno de microondas aciona a função: Batatas fritas.
Esse chip é muito legal, apesar do comichão que eu senti no dia. Ele parece que migra no corpo, Ã s vezes está na minha cabeça, Ã s vezes dá uma espiada por um olho mais retrógrado...Que gosto o dele, tem vista para tudo. Eu comando os táxis e Ubers: Penso: Táxi! Param três na minha frente. Geralmente os Ubers já chegam brigando com os taxistas, mas eu penso: Parar! e todos congelam e começam a conversar amenidades:
--Você viu o Joesley? Agora diz que conversou na privada com o Trump, na Trump Tower.
--É louco. E o Temer? Aquela fratura de braço? Coisa de velho que não sabe dar conta do que tem em casa.
--Viu a receitinha da torta de Ana Braga?
E por aí vai. Penso: Café: todos saem para tomar café. Esse chip é genial e pacifista.
O único problema é que de quinze em quinze dias entra a voz na minha cabeça, para a Verificação geral do Chip Instalado na Cabeça do Maluco.
--Tudo bem?
--Tudo.
--Um dois três, testando...
--Positivo e operante.
--Na boa.
--Sussa!
--Te cuida.
--Sem dúvida.
--Desligando!
E pronto.
Assim caminha a Humanidade chipada.