Monstro da arquitetura distante dos demais, olha a cidade e conversa uma conversa fora de sua estrutura. Senta na avenida e espera a vida transitar na faixa branca com vermelho, sem se dar conta de sua respiração. Seus tijolos reclamam a forma como ele os trata, não importando-se com as mãos calejadas que o ajudaram a construir. Mas o monstro continua a jogar conversa fora no asfalto que o sustenta e tenta reerguê-lo. Sente o incómodo provocado por suas células feitas de barro e na Maria da Olaria, onde tantas crianças brincam de adultos serem. O prédio, aquele maldito, continua vazio de sentimentos mas cheio de apartamentos, apertados ou não. Liberdade? Nem pensar! Consegue a autonomia de manter preso a si, todas as vidas, ainda que vazio continue.