Cada ser humano tem sua escala de valores quanto ao amor. Entretanto, pondero que uma variável que ajuda muito a solidificar o sentimento é a lembrança de algum relacionamento quando se está comendo algo saboroso.
Ao deglutir algum alimento que lhe agrade e lembrar-se da pessoa amada, pode ter certeza: você a ama realmente.
Digo isso porque antes de me casar (há quase meio século), morávamos num apartamento eu e minha mãe, que era a rainha e eu, o filho da rainha.
A auxiliar doméstica, que ficou conosco mais de uma década e só nos deixou para unir-se definitivamente ao noivo, era excelente cozinheira, fazia pratos simples, sem muito rebuscamento, mas deliciosos; ao experimentá-los, me lembrava de minha namorada, com quem me casei e vivo até hoje.
Naquele tempo, era raro convite para restaurante chique. Convidava-a para o almoço, jantar ou lanche em minha casa, o que parece que agradava minha genitora, a qual, com sua experiência, fazia algum prognóstico de felicidade conjugal.
Muito cautelosa, nem sempre aceitava. Ficou, porém, a certeza de que eu a amava de verdade.