Ainda nos idos de 1960, as doenças sexualmente transmissíveis assolavam as pequenas e grandes cidades brasileiras e o baixo-meretrício era o principal veículo de disseminação do cancro, da mula, do cavalo de crista e de outras tantas. 
			
			Chegado há pouco na cidade, Zé Matuto julgou estar na hora de brincar verdadeiramente do coito e dar sua primeira “cachimbada”. Chega de levar coice! Recordava-se de ter amarrado uma jumenta e ela foi embora levando seu cinto no pescoço... 
			
			Muitos de seus amigos contavam que trataram um cancro duro com nitrato... Nitrato de prata!... O matuto achou bonito aquele nome e também queria contar suas façanhas com as mulheres da vida. Afinal, tinha l4 anos completos e nunca tomara uma injeção. 
			
			Pôs três cruzeiros no bolso e antes do cair da tarde de um domingo de primavera, desceu a rua do Cruzeiro e aproximou-se do Hospital São Vicente, em torno do qual havia muitos cabarés. 
			
			A Boate Marajoara, já estava em sua mente. Bar Marajoara... Guadalajara... Casa Azul e muitos outros bordéis enfileirados que trabalhavam com alvará de “Barzinho” estavam ali, diante de seus olhos... 
			
			Meio acanhado, deu uma espiada nas raparigas que bebiam no salão: lindas e caprichosamente arrumadas esperando a clientela. 
			
			Sem jeito, desconfiando de tudo, não entrou... Beirou a calçada, exatamente na hora em que uma delas acabava de fazer a higienização de “seu hôme” e jogar a água suja da bacia pela janela... 
			
			Pluft!... 
			
			Que vergonha!... 
			
			Não longe dali, um puteiro apelidado de “Pinga Pus” estava cheio de mulheres sujas, feias e mal vestidas que cobravam um preço mais barato.Ele já fizera sua escolha: tinha que ser com uma mulher bonita, mesmo que precisasse adiar os planos... 
			
			Mesmo com pouco dinheiro,  entrou no Marajoara. 
			
			— Quanto você tem menino? 
			— Três cruzeiros! 
			— É de maior? 
			
			Zé impostou a voz e com segurança, afirmou: fiz vinte... 
			
			— Pequeno desse jeito? 
			— É...mas o mandiocal é grande!