Vislumbro os bons e despreocupados tempos em Recreio (MG) em que eu, o Fernando Coimbra e o Betinho, entre outros amigos, limpávamos o chão para a búrica, jogo que, certamente, ocupou muitas horas de nossa infància.
Preparado o terreno onde se desenvolveria a brincadeira, ali fazíamos três buracos com diàmetro de aproximadamente três centímetros, separados um do outro, em linha reta, por cerca de três palmos.
Em seguida, cada menino retirava do bolso um pequeno saco de pano cheio de biloscas, também chamadas de bolas de gude.
Traçada uma linha de lançamento a uma distància de dois metros dos buracos, decidíamos quem seria o último a arremessar uma bolinha na direção do primeiro deles, o que se processava através do "par ou ímpar".
Outra forma da escolha do último a jogar ocorria com os participantes gritando "marraio". Quem gritasse primeiro tinha o direito de ser o último a arremessar, o que lhe dava a vantagem de poder afastar do orifício visado as biloscas dos adversários.
Após o lançamento das bolas de gude, verificava-se quem seria o primeiro a jogar, ou seja, quem havia chegado mais perto do primeiro buraco. Feito isso, o jogo começava.
Os jogadores tinham de colocar a bilosca dentro do primeiro buraco, logo a seguir no segundo e posteriormente no terceiro, fazendo depois o percurso de volta.
Quem acertasse o buraco certo continuava a jogar, cedendo a vez ao próximo jogador no caso de erro.
Aquele que primeiro completasse todo o percurso passava a ter o direito de acertar com a sua bola de gude as pertencentes aos adversários, tirando-os do jogo e apropriando-se das biloscas atingidas.
Não existindo naquela época, em nossa cidade, jogos eletrónicos, televisão ou computadores, eram com brincadeiras ingênuas e simples como a búrica que ocupávamos alegremente nossas férias escolares.