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Cronicas-->CARTA A UM ESCRITOR LUIZ GONZAGA DA ROCHA -- 31/10/1999 - 19:57 (Leon Frejda Szklarowsky) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Brasília, 13 de agosto de 1999



Meu caro confrade Acadêmico LUIZ GONZAGA


CARTA A UM ESCRITOR LUIZ GONZAGA
E a eternidade do homem, na Terra, traduz-se pelo que ele faz, marcando sua passagem, de forma indelével e notável, quando se trata de seres humanos predestinados aos grandes feitos.

*Para os seres humanos do novo milênio, o tempo e o espaço são conceitos inexistentes e totalmente superados na era da cibernética. A fraternidade entre os homens está na razão direta da comunicação.

A vida é o bem mais precioso do ser humano, mas a vida sem liberdade não tem qualquer significado, nem dignidade. A liberdade, porém, não se confunde com a licenciosidade



I
II


conhecia, por óbvios motivos, sua obra, que nasce um clássico.


a havia lido, em outras circunstàncias. Você bem sabe. E já me deliciara com a história da BUCHA, que ouvira falar, desde que, há tão pouco tempo, ou faz tanto tempo(?), ingressara

N´ "A velha e sempre nova Faculdade,
Brotou duma pequenina cidade,
Tornando-se incandescente fogueira
Da espiritual fornalha brasileira!

O secular convento franciscano,
As vetustas e solenes Arcadas,
Vulcão intenso de batalhas sagradas,
Sideral luz em mundo americano!


Varela, Castro Alves e Rui Barbosa,
Elevaram-te, Academia Gloriosa,
Às alturas inflexíveis do espírito!

Era dos átomos! Quebra de mito...
Liberdade e Mulher n´Academia,
Febril vibração a qualquer tirania!

És eterna no trajeto infinito!"


me encantava com os segredos que poucos conheciam e jamais decifravam, nos portais da velha Academia.

ficara a observar o local, que diziam ser o túmulo de Júlio Frank. E nas sombras da noite fitava taciturno o pequeno local em que jazia este homem que deslumbrou gerações. Ou não jazia. Quem sabe? Talvez o autor desta gigantesca obra, que procura desvendar os mistério e ilusões que ainda desperta, possa quebrar para sempre os segredos que o envolvem.

me pusera a pensar nos idos do século passado e imaginara-o a formar uma corrente de pensamento que ultrapassou o tempo finito.

na viagem, agora, para o mundo que você criou, com maestria e garra de historiador e pesquisador nato, é diferente. Não se trata de uma jornada apressada, mas de uma longa e duradoira caminhada, por este mundo que nem AFONSO SCHMIDT traçara.

Resolvi
, então, imediatamente, retomar sua leitura, que, à primeira vista, pareceu-me bem conhecer o tema. Na verdade, porém, por sua originalidade, teve o poder de despertar-me, novamente, a curiosidade e exigir uma rápida arrancada em busca das delícias deste universo estelar e quase esquecido.
Conclusão
: você trouxe decisiva contribuição, com muitas novidades, que jamais alguém fizera.
Na
introdução, com a citação de Garret, lembrei-me do que escrevera, certa vez, quando afirmei que escrevi o que penso, mas não penso no que escrevi. E você pergunta porque trazer a bucha à tona e responde, num relampejar, que sua curiosidade falou mais alto e convenceu-o a fazer este modestíssimo trabalho, que, data vênia, não é tão modesto quanto pensa o autor, visto que relata a história desse homem incomum que marcou época e transcendeu os umbrais do tempo.
Revela
, também, com sua linguagem simples de historiador nato, não só o poder e o encanto dessa Ordem milenar - a Maçonaria, com toda sua pujança e influência, nos principais acontecimentos do País, mas também faz renascer os personagens históricos e a própria história que muitos teimam em não rememorá-la condignamente.
E
, assim, as imagens que se formavam em minha alma, o mundo que se criava, cada vez mais, exigiam concentração e dedicação, sem pré - condições, impelindo-me, mais e mais, para a viagem confortável e maviosa e, para mim, muito cara. Reclamavam, desde o inicio, profunda e severa meditação.
No
passeio inaugural, contudo, já na nave da minha imaginação aguçada, deparei com o Tristão de Araripe, ao proclamar, com profundo orgulho, que tudo quanto foi ilustre no Brasil há pertencido à Maçonaria. E, você, então, faz uma chamada geral dos que passaram, por estas plagas, desde o século XVI, e fizeram e deixaram história.
E
não deixa por menos, viaja para a Alemanha e busca nas esquinas da história a BURSCHENSCHAFT, esta confraria de estudantes, tão comum na época, lutando pela liberdade e unificação da velha pátria de Wagner e, em seguida, singrando os mares bravios.
De
repente, aporta, no Brasil do século passado, e acorda nosso espírito para os principais vultos, que por coincidência ou não foram também maçons e depois bucheiros.
Puxa
, sinto-me em casa, ao ver desfilarem todos esses homens que engrandeceram o País e passaram pela velha e sempre nova Faculdade, que, desde moço, pisara seu chão centenário, sentara em seus bancos e passeava pelas alamedas e salas vetustas e os via, como se vivos ainda estivessem, ostentando seu garbo, do alto dos quadros pintados, por exímios artistas, e, ao contrário do que poderia parecer, emitiam a luz de seu espírito e inteligência estampadas nessas eternas obras de arte.
Tem
razão você quando aponta para Ortega e Gasset, que alerta ser o liberalismo a suprema forma de generosidade e o direito que a maioria concede à minoria e portanto é o grito mais nobre que já ecoou neste planeta, desde que, repito, essa minoria não transforme seu direito e prerrogativa em ditadura, o que é tão nefasto quanto a ditadura da maioria. Aliás, a maioria não o concede como favor, pois que esse direito é tão natural, quanto o da maioria. Os direitos são recíprocos e entrelaçados e devem respeitar-se mutuamente.
O
Império está mais que presente em sua descrição, recordando as palavras de meu contemporàneo nas Arcadas e sempre mestre, Dalmo Dalari, identificando na ação dos moços desse Templo do Saber um dos fundamentos do liberalismo. Vou mais longe, afirmando que não é um dos, mas o alicerce da liberdade, que se iria propagar por todo o Brasil, com o discurso em prosa e poesia dos maiores que a pátria viu nascer e aquele Sodalício da Cultura viu passar.

Não
pense que não me pus a refletir na bucha e a maçonaria e a questão religiosa, que tanto reboliço causou. Na questão militar, na questão abolicionista, um dos movimentos mais legítimos e puros da humanidade que clama não só pela liberdade do negro, mas de qualquer homem em todas as terras, onde haja opressão.
Não
pense que não me pus a refletir nas loucuras inventadas por Gustavo Barroso, que até hoje vem produzindo estragos, com sua perfídia, manchando a honra daqueles que lutaram e lutam pelo que de mais precioso existe - a liberdade e a vida.
Não
pense que não cheguei à República, com o autor, e que não me confesso satisfeito com as incursões de Gustavo Barroso contra a Maçonaria e à Bucha, pois quanto mais se opõe a elas e aos judeus, como os negros e os índios sempre maltratados, vilipendiados e oprimidos, mais se torna patente a força daquelas nos grandes movimentos que marcaram e marcam a história humana.
Não
pense que não cheguei à República, da proclamação, caminhando até a República de Rui Barbosa, em 1910, na alvorada deste século, com a campanha civilista, recordada por Carlos Lacerda, quando os bucheiros e maçons estão de pé e à ordem, velejando estes por todos os momentos que vão até a revolução de Vargas.
Não
pense que não me ative à era de Vargas vindo até nossos dias, porque, na verdade, este é o período que mais de perto nos toca, pois nos encontra, a todos nós, vivificando não apenas a história, mas vivendo a realidade, em toda sua crueza, com as dores e alegrias.
Não
pense que não me pus a meditar profundamente nas palavras do historiador da maçonaria e da bucha, quando avisa que os bucheiros não morreram e estão mais vivos do que nunca ( a maçonaria, certamente, não faleceu, conquanto necessite revitalizar-se, urgentemente, e reviver seus grandes dias e noites, para não fenecer solitária ), ajudando a fundar a UDU e todos os movimentos. Só não gostei de que tenham apoiado o maníaco Jànio que tantos males produziu com suas intempéries com consequências ainda dolorosas.
Não
pense que não sei que talvez haja um pouco de fantasia, com relação aos dias atuais. Quem sabe? Nem o autor tem certeza. Nem eu. Não importa. O que vale é que o ideal de liberdade não há sido sepultado. Jamais o será, enquanto um ser vivente existir no planeta, enquanto um ser pensante povoar a Terra. A final, no creo en las brujas, pero que las hay, hay! É verdade que Bonfim que tive a honra e a satisfação de conhecer, nos bancos da velha Academia do Largo de São Francisco, clama pelo passado glorioso, para que ilumine nossos passos e fale por nosso silêncio. Direi, então: A verdade é que cada época há de legar ao homem os sinais do passado, que marcarão para sempre sua vida e servir-lhe-ão de guia na escuridão das angústias e na cruzada do porvir. As gerações, sucedendo-se e alimentando-se umas às outras.

E,
assim, o tema, de suma importància, que você aborda, com tanta veemência, por suas implicações na história e na realidade de nossa pátria, torna-se facilmente assimilável, a ponto de matéria tão difícil transformar-se em leitura de fácil compreensão, quase um romance,. É tratada, com precisão cirúrgica, que dispensa maiores indagações. E, assim, bucheiros, maçons, estudantes, leigos, aprendizes, neófitos, de todo, encontram nesse precioso estudo o repositório cristalino de que necessitam. Os mestres, então, deleitam-se com o trato que você dá ao assunto, sem dispensar indagações científicas e profundas, encontrando sempre respostas adequadas, produzindo também dúvidas, para que seu leitor se ponha a refletir e não olvide nunca a obra e o destino da bucha e da Ordem Maçónica.
E
, assim, você propõe que tudo existe para e em função do homem. Imagine-se o universo sem o ser humano ou um seu semelhante! Que seria? Que vão não haveria? Seria como um corpo sem alma. Uma vida sem a substància. Um perfume sem a essência! Um frasco sem o líquido, como aliás me posicionei, em algumas Cronicas, que escrevi sobre Brasília. Ou a terra encantada, do leite e do mel, do cerrado seco, que se transforma no verdejante e colorido jardim, que JUSCELINO, o novo apóstolo da independência, da liberdade e das grandes conquistas, criou para todo o sempre, com o gênio de seus arquitetos, mas que não se deve conservar como um museu, uma estufa imutável, porque também as cidades foram criadas, para o ser vivente, dotado de alma, e não este para aquela.
E
, assim, passeei, pelas avenidas e alamedas de uma obra, que consegue dar muito de si e transmitir, em grandes doses, qual o bom perfume, o muito que sabe, instruindo, educando e acendendo a chama do espírito, em busca do aperfeiçoamento e do equilíbrio, razão maior ser humano na Terra.
E
, assim, creia, sua obra ser-me-á extremamente preciosa, na minha caminhada e lembrança.


Parabéns
, meu estimado confrade.


Está
de parabéns a Ordem.



Está
de parabéns a Academia Maçónica de Letras do Distrito Federal, por abrigar este confrade, este intelectual, este escritor, este historiador.




Leon Frejda Szklarowsky:.
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