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Cronicas-->FOI CEDO DEMAIS? -- 28/03/2022 - 19:36 (JOSÉ RICARDO ZANI ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 



Uma interrogação silenciosa tem sido recorrente na minha cabeça.



“Será que encerrei a carreira muito cedo?”



Cá entre nós, a resposta tá na cara: parei com 48 anos.



Hoje, sei de muitos que continuam firmes aos 60 ou 70.



Ou seja, no meu caso foi cedo. Mais que isso, foi de madrugada...



Só que esse entendimento é, no fundo, uma questão de premissa atuarial. Para pendurar as chuteiras cedo, há que entrar em campo 30 anos antes. Ou bem mais que 30, como passou a ser nos tempos e regras mais recentes.



Logo, se cedo parei, muito antes comecei.



Foi aos 15, para ser exato. Aos 17 acumulava dupla ocupação. Durante alguns anos, esse embalo emendava de domingo a domingo. E lá se foram ininterruptos 33 anos. Duas ocupações simultâneas ou uma única, que absorvia quase sete dias por semana.



Que ninguém confunda isso com autoelogio, porque, antigamente, viver nessa tocada desenfreada era bem normal. Também não se trata de apologia ao ócio. Afinal, as caminhadas regulares, tarefas comunitárias e rabiscos como este estão aí para atestar que não estou hibernando na rede da varanda.  



Mas, mesmo sabendo da resposta óbvia para a interrogação inicial, ela tem ressurgido toda vez que vejo alguém da minha época arregaçando as mangas e afiando suas competências nos degraus que galgam às alturas da Avenida Paulista e das grandes corporações. E olha que, entre ex-colegas, dezenas têm ou tiveram muito tesão laboral mesmo depois de se aposentarem na carreira principal.



Eu me orgulho por eles, pela sua brilhante ascensão e por ter aprendido lições inspiradoras com esses batalhadores.



Por isso, sempre bate a dúvida e me pergunto sobre quanto de mim neguei à própria carreira e quantas oportunidades perdi pelo fato de ter parado antes dos 50.



Essas perguntas se repetiram por muito tempo até que, um dia desses, ao abrir uma página sobre a história de um brilhante banqueiro que fez a vida no Brasil, tive uma frágil ideia de como era a rotina da equipe de executivos próximos a ele.



Diz a história que, para arredondar decisões ou finalizar negócios, o banqueiro lhes telefonava até fora do experiente. Frequentemente, durante a madrugada.



Tanto assim que, para evitar problemas conjugais a eles, o banqueiro costumava presentear com joias as esposas desses executivos, como desculpando-se pela pressão que causava na vida doméstica dos seus auxiliares mais próximos.  



Fato ou lenda, sei por experiência própria que demandas com esse alcance acontecem nas corporações competitivas.



A verdade é que essa revelação caiu como bênção sobre minha dúvida, porque trago a certeza de que não é delicioso viver à disposição de pesadas responsabilidades de trabalho 24 horas por dia.



Se seguir subindo significa estar “superaquecido” 24 horas por dia, a dúvida acaba por aqui.



Não só acaba, como se torna uma certeza.



Com razões de sobra, tanto em verso, como em prosa.



Pois trabalhar enobrece e crescer realiza.



Mas esgotar-se aborrece. E viver se precisa...



 



  



 



 


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