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Cronicas-->Sono profundo -- 30/04/2022 - 07:31 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Sono profundo

 

Aroldo Arão de Medeiros

 

     Ele e a esposa foram convidados pelos vizinhos para o casamento do filho. Como a amizade perdura há mais de quarenta anos, não titubearam, disseram um sim como se eles é que fossem se amarrar, novamente.

     No dia anterior ao evento, após o almoço, arrumaram-se e partiram rumo a Joinville. O casório seria em Curitiba, mas eles dormiriam uma noite na Manchester Catarinense, na casa de um filho, o Rodrigo. Aproveitariam para visitar a nora e matar as saudades da neta.

     Pela manhã, tomaram um generoso café e partiram para a festa. Antes passariam na casa de outro filho, José, que levaria a mãe até o salão de beleza que pertencia ao seu sogro, Seu Victor, onde o mesmo faria o corte que melhor se adequaria a seu rosto.

     Ele ficou proseando com José, matando as saudades e o tempo até a hora do almoço. Encontraram as mulheres no restaurante, onde fizeram refeição sem exageros, pois esperavam tirar a barriga da miséria na festa.

     À tarde, José os levou ao casamento, para que o pai pudesse beber à vontade e não se preocupasse com eventual fiscalização da polícia. Sentaram-se numa mesa em que estavam os vizinhos, a filha destes e o marido e mais um casal amigo de longa data, que também residia próximo a eles. Música, bebida e comida excelentes.

     Terminada a festa, telefonou para José vir buscá-los. Dormiriam no apartamento do sogro de José, o dono do salão de beleza, porque Rodrigo viria de Joinville para usufruir um dia na companhia dos pais e do irmão.

     Ao chegarem no apartamento do cabeleireiro, estacionaram o carro na garagem, mas não tinham a chave da porta. Tocaram a campainha e nada do senhor atender.   

     Ligaram para o celular, escutavam o barulho chamando até acabar o som. Resolveram ligar para o telefone fixo. Também nada.

     Parecia que o homem havia morrido. A filha, desesperada, soltando as primeiras lágrimas, disse que, lá da entrada do edifício, havia notado a cabeça do pai encostada na parede, justo no lugar onde ele costuma se recostar para fumar.

     Foram para a frente do prédio e lá estava a cabeça, ou melhor o homem. Ligaram para o Corpo de Bombeiros, uma vez que seria possível entrar pela janela com ajuda de escada extensível. Os “prestativos” bombeiros se negaram a vir, instruindo-os a chamar o SAMU. Ligaram. E também para um chaveiro. O SAMU prometeu vir, mas apenas o chaveiro apareceu.

Solucionada uma das questões: abrir a porta. Ele e José ficaram na rua, telefonando para dispensar os préstimos do SAMU. A esposa, fã incondicional das séries televisivas, com filmes de recheados de crimes, tais como Criminal Minds, Law and Order e NCIS, não perdeu tempo. Foi só o profissional abrir a porta e ela se precipitou em desabalada carreira, no afã de encontrar o cadáver do cabeleireiro.

O apartamento, enorme, parecia mais um labirinto para ela, que não o conhecia. Até que o encontrou sentado, imóvel. Colocou dois dedos na veia que passa pelo pescoço e sentiu o movimento de sangue circulando. Que alívio. Chamou-o sem muito alarido para não assustá-lo. Fez sinal de positivo ao filho e ao marido, que ainda se encontravam na rua. O cabeleireiro provavelmente havia ingerido remédio misturado com alguma dose de conhaque, sua bebida preferida. Depois, o homem passou a noite toda se desculpando: prometo que nunca mais vai acontecer isso.

     Uma coisa é certa. Esse acontecimento serviu para melhorar a amizade, que já era boa, entre o cabeleireiro, a filha e o genro. Porque em consequência do susto o casal decidiu se mudar do apartamento onde moravam, colocaram-no para alugar, e foram residir com o homem do “sono profundo”.

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