Mãe, ame-a e respeite-a
Aroldo Arão de Medeiros
Fiquei deveras assustado e com o coração partido ao presenciar, dia desses, uma cena. Saltei do meu carro para fazer um lanche à beira da BR 101. Ao lado estava estacionado outro, com placa de Santiago, Rio Grande do Sul. Na frente, no banco do passageiro, uma senhora de seus oitenta anos, mais ou menos. Quando ela me viu sair do carro chamou como se estivesse pedindo socorro. As palavras dela me chocaram:
- Me deixaram aqui sozinha.
- Quem foi? Perguntei meio sem graça e com a voz embargada.
Ela não respondeu. Perguntei então:
- Foi seu filho?
Ela olhava para mim assustada e parecia envergonhada. Presumi que tinha sido ou o filho ou a filha.
Entrei na lanchonete, contei o ocorrido para a caixa e ela exclamou, surpresa, que daquele carro não havia entrado ninguém naquele recinto, mas que mandaria alguém procurar na loja de roupas que havia ao lado.
Fiquei esperando para ver quem era o desalmado. Era um sujeito com menos trinta anos que, mãos dadas com a filha de uns cinco anos, perguntou:
- Mãe, está tudo bem aí?
A velha senhora, talvez com medo, sussurrou:
- Tá.
Ele então disse:
- Espera só mais um pouco que nós vamos fazer um lanche e já vamos embora.
Que belo exemplo para a filha. Se ela fizer o mesmo quando ele for velho, não venha reclamar.
Se sua mãe está esclerosada, trocando as bolas, trate-a com mais amor ainda.
Beije-a sempre que puder. Mesmo que ela prefira o outro seu irmão, perdoe-a.
Ela amou todos os seus filhos, uns mais, outros menos, mas nunca deixou de amá-los.
Mãe, mamãe ou mamã, ame-a e respeite-a, para ser amado e respeitado.
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