DELEGACIA
Renato Ferraz
A população da minha cidade, no interior de Alagoas, nos anos 60 não devia passar de 10.000 habitantes. Lembro bem de algumas particularidades da Delegacia local, que ficava na parte externa do mercado público.
Era uma pequena sala, com duas portas. A mobília era um birô, umas duas cadeiras e um banco de madeira. Não havia privacidade para uma queixa, nem para um interrogatório do delegado a alguém que fosse intimado.
Eu era criança e nessa fase a gente se alimenta também de curiosidade.Lembro que a feira da cidade era dia de sábado. Eu morava perto da delegacia e quando via uma multidão em direção a ela, para lá corria. Normalmente â frente ia um soldado fardado e alguém por ele conduzido. E várias pessoas ao redor. Eu queria saber o que houve de grave, como se isso fosse adiantar algo...Mas só o fato de saber e dizer aos demais amigos, dava um certo ar de superioridade. O destacamento local tinha apenas uns 5 militares, que eram conhecidos por todos. A cidade era pacata! Alguma preocupação a mais ocorria quando havia festa pública ou dia de feira.
É que vinham pessoas estranhas comercializarem seus produtos. E outras da redondeza vinham fazer suas compras.
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