Eu gosto de você. Porque você também gosta muito de mim. Ah, plena felicidade!
Eu gosto de flores. E você colhe as mais bonitas e perfumadas.
Eu gosto de borboletas e colibris. E de peixinhos vermelhos e azuis. E você consegue falar com eles. Contando-lhes coisas de nós dois.
Eu gosto de abelhas, que se envolvem no milagre do pólen. E você me traz o mel nos seus lábios. E o deposita nos lábios meus.
Eu gosto de um doce chamado sonho. E de chocolate. Você, minha cúmplice, ignora o regime, para deleitar-se comigo com essas delícias.
Eu gosto também da magia de uma noite de luar. Como você.
Eu gosto de tanta coisa... Já você diz que o gosto de sua vida, sou eu.
Eu gosto de entregar-me aos sonhos. E você gosta de entregar-se a mim, também em sonhos. Aos devaneios...
Eu gosto quando você viaja. E volta logo. Dizendo que estava morrendo de saudade de mim.
Mas, ó ilusão. Será que você gosta mesmo de tudo isso? E de mim?
Caí em cisma profunda. Você está demorando tanto... Nas entrelinhas das suas frases, algo me assustou. Não está escrito nos seus bilhetes, nas suas mensagens. Em lugar nenhum... Mas ressoa na minha mente a velada eloquência das expressões vagas. Assustadoras. A verdade silente, mas paradoxalmente ribombante. - "sair da sua vida... para nunca mais voltar..."
Tenho retornado aos lugares onde eu, feliz, te esperava sempre. Debalde. Porque você não chega... Não sai do ónibus. Não desce do avião. Não desembarca do trem. Não chega de navio. Sequer de chalana, pelo rio. Não vem ao menos a pé. Ou de bicicleta, sei lá.
Por que? Por que você me castiga assim?
O que mudou?
Se eu gosto tanto de você, porque maltrata meu coração?
O que eu te fiz? Ou não fiz?
Bem que me alertaram. É um risco, ficar perdidamente apaixonado por alguém. De repente, algo zanga, e tudo muda.
O amor eterno, tem limites. Mas o coração sempre crê no perene.
Por sua causa, eu já não gosto mais de mim. Mesmo achando que não tenho culpa. Se te perdi de vez, fracassei redondamente. Não mereço perdão.
Aí eu choro...