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Cronicas-->Homenagem a NÉLSON CARNEIRO -- 31/10/1999 - 20:09 (Leon Frejda Szklarowsky) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ACADEMIA MAÇÓNICA DE LETRAS DO DISTRITO FEDERAL

HOMENAGEM AO ACADÊMICO NELSON CARNEIRO
ORAÇÃO PÓSTUMA
( Publicado, no Diário do Senado Federal, juntamente com o discurso do Senador Bernardo Cabral, de 23 de março de 1996, p. 4757, conforme Ata da 26 ª Sessão Não Deliberativa em 22 de março de 1996. Lida na solenidade da Academia Maçónica de Letras do DF, em homenagem a N C. Também foi noticiado, na Hora do Brasil, no dia 22 de março de 1996).segundo informação de venerável mestre da Loja Abrigo de Cedro 8, Elton. Editada na TEIA JURíDICA, desde dezembro de 1996. Premiado no Concurso de Poesia e Prosa da EDITORA AG, 1999. Faz parte da Coletànea REFLEXOS DE OUTONO, VOLUME I, EDITORA AG).



O estimado irmão - acadêmico NELSON CARNEIRO partiu para o Oriente Eterno, em 6 de fevereiro deste ano, na cidade onde viveu boa parte de sua vida, na cidade rainha do Brasil - o Rio de Janeiro, de ontem, de hoje e de sempre, encravado no mar azul, envolto nas montanhas e engalanada por edifícios - estátuas, que a tornam o monumento da natureza, que às vezes lhe é impiedosa e verte suas lágrimas até esconder seu chão, até lavar suas entranhas e levar seus filhos e chorar pela dor que, involuntariamente, produz! Dor! Muita dor! Mas, também, muita alegria!
Nelson nasceu na boa e acolhedora terra da Bahia, de Jorge Amado, de Rui Barbosa, de Castro Alves e de tantos outros que a imortalizaram, do céu azul, do mar verde e das praias infindas e lindas, que marca o homem, que incendeia sua alma e o lança na ventura de um porvir melhor. Na terra da música, da poesia, da mãe menininha, do candomblé, do pai preto velho, da vastidão dos templos e do bom filho que nunca a esquece..
Mas Nelson era um intelectual, um mestre, um jornalista, um poeta, um político, um homem bom, um homem puro, um buscador de idéias e um pregador das boas causas. E deixou suas origens, porque tinha que lutar, precisava de um lugar onde pudesse fazer brotar a semente, expandir suas idéias e gratificar sua alma sedenta do bem.
Lembro-me do Nelson, jovem, advogado e político brilhante,
na velha e sempre nova Faculdade,
que brotou duma pequenina cidade,
tornando-se incandescente fogueira
da espiritual fornalha brasileira.
Lembro-me do Nelson piedoso, do Nelson fulgurante, do Nelson tribuno, que foi à Faculdade de Direito, do Largo de São Francisco, das Arcadas,
de Varela, Castro Alves e Rui Barbosa,
que elevaram a Academia gloriosa,
às alturas infindas do espírito!
Lembro-me do Nelson, vibrante, que se punha a falar da lei do divórcio, naquele tempo que nem se podia tocar.
Lembro-me do Nelson que se pós a pugnar pela separação do homem e da mulher
que nem se podiam falar,
quanto mais se amar.
E eu, no verdor dos meus anos de estudante de direito lhe perguntara: Mas, deputado, porque deputado fora, e, depois, senador também, o divórcio é bom? É a solução? Será melhor, assim?
E ele me respondera, cabisbaixo, na sua candura: "menino" (eu, até vibrei com esse menino, mas menino era mesmo e ainda o sou ! ), " o divórcio é como remédio amargo e forte. Bom, para quem está doente. O divórcio, não é para mim, que sou feliz, senão para quem é infeliz no casamento e remédio mais não tem!"
E, comemorando o Dia Internacional da Mulher, não poderia olvidar o Nelson que, igualando sua posição na sociedade, outorgou-lhe a Carta de Alforria, como colaboradora graciosa do homem, a fonte primeira de sua inspiração e o traço de união entre os seres humanos,
a suprema deusa,
a suprema princesa,
a acalentar o homem altaneiro,
com sua ternura,
com seu amor,
com sua doçura,
com seu calor!
Assim, era Nelson Carneiro.
Só lhes contei uma pequena faceta do Nelson, que conhecia, porque presenciara, quando o divórcio era uma bandeira pecaminosa e condenada, no Brasil, é claro.
Nelson, porém, não parava.
Não se aquietava.
Agigantava-se, quando lhe fervilhava uma idéia, na cabeça.
Lutava até não poder mais.
E Nelson veio p´ra Brasília.
Veio, como todos
os pioneiros vieram.
Armado apenas da fé,
da esperança,
da confiança,
na terra que estava para nascer.
Veio como deputado.
Veio como cavaleiro andante das grandes idéias,
que um dia veria crescer.
Veio como irmão,
veio como maçon
que um dia soube ser
Nelson se apiedava dos fracos, dos injustiçados, dos esquecidos e dos maltratados da vida: a mulher solteira, a companheira fiel, nem sempre compreendida, os filhos adulterinos, os filhos de qualquer condição, a mulher casada, mereceram sua constante preocupação. Era seu combate diário, corpo a corpo, contra uma sociedade estratificada e amortecida!
Não era só isso que lhe martelava a alma piedosa. Qualquer discriminação, em razão do sexo, cor e estado civil também fora motivo de sua pugna.
Maçon, acadêmico, poeta, sonhador, jornalista, escritor, político, realizador e construtor, o lapidador da pedra bruta.
Mas, antes de tudo, o bom homem que permanece entre nós, porque os justos não morrem jamais.
E, então, resolvi
dedicar-lhe o poema - prosa,
que escrevi,
especialmente, para quem continua vivo, entre nós, pelo que fez, pelo que foi e pelo que legou. É o retrato de sua alma gentil e càndida, de sua vida vibrante e caminhada gravada na pedra polida, que jamais se apagará.

Viver é lutar.
Talvez sonhar.
Um dia morrer.
Talvez, renascer.
Oh, que prazer!
A natureza é sábia. Dotou o homem da capacidade incomensurável de superar as situações infinitamente adversas. Os Livros Sagrados provam-no, com exemplos que superam as expectativas. Eis aí o grande mistério, que o homem é incapaz de desvendar. Por que estamos aqui? O que fazemos ? Com certeza, o homem tem uma missão a cumprir. Nada existe por acaso. Do contrário, nada teria sentido. Negar alguma coisa é admitir sua existência, porque absurdo é negar o nada.
Ensinam as Escrituras que o homem é feito à semelhança de Deus.
Vale a pena lutar.
Superar as adversidades!
Viver é lutar
Lutar é viver.
Talvez sonhar.
Um dia morrer.
Talvez, renascer.
Oh, que prazer!
Quanta coisa boa acontece!
Quanta coisa ruim acontece!
E estamos vivos! Renascidos! Revividos! Que bom viver. Que bom sentir. Que bom participar de tudo. Que bom respirar, andar, pensar, ver, fazer e, mais que tudo, caminhar sempre para a frente, reto, com extrema precisão, sem se abater, olhando para trás apenas para visualizar quanto chão percorremos; olhando para baixo tão somente para descobrirmos que, apesar de tudo, estamos ainda em cima e não no fundo do poço, sem esperanças, sem metas, porque temos dentro de nós a eterna flama da fé, nas profundezas de nossa alma, que ilumina, como o sol incandescente, a negritude do céu! E torna a escuridão o amanhecer radiante de luz e vida, com a natureza brotando, os animais saltitando alegremente e o homem lutando, lutando, vencendo e caminhando e realizando seus desejos e marcando sua presença na Terra com seus feitos, qual dádiva dos Céus!
Que mais queremos? A que mais devemos aspirar?
Certamente, que o espírito humano se alumie de vez, preparando-se, para, finalmente, ingressar na idade de ouro moral e espiritual proclamada pelos iluminados e almejada por todos. Também decifrar, num relampejar, quão suave e doce é a vida, se soubermos lapidá-la com o cinzel da sabedoria, da bondade e da fraternidade!"
E, assim, foi Nelson
amou e foi amado,
até o fim de sua fecunda e gloriosa vida.
Viveu, morreu e renasceu,
para todo o sempre.
Nelson jamais será esquecido, porque lutou pela dignidade da mulher, transmitindo ao mundo que ela, graça suprema, deusa e princesa do homem, com sua ternura, amor, doçura e calor, é sua companheira e colaboradora e não sua serva.

Irmão Acadêmico Presidente
Leon Frejda Szklarowsky
Academia Maçónica de Letras do Distrito Federal, 14 de março de 1996


















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