Relembro o tempo em que tudo começava
A minha espera por algo, por alguém...por ninguém.
Por esperar, somente.
De repente, a sua chegada!
Surpreendente! Duas vidas! Estranhas e apaixonadas!
Fiquei conhecendo a quem não me parecia tão desconhecida.
Apertamos nossas mãos? Parece que sim. Não me lembro.
Falamo-nos. Falou-se de quase tudo, é bem verdade.
Procurei deixá-la à vontade. Enquanto a observava, atento.
Seus gestos. Seu sorriso. Sua ternura. Seus mistérios.
Ansiava por novidades. E observava mais. Cada vez mais.
Enquanto ensaiava um medo de perdê-la. Sem ainda entendê-la.
Queria conquistá-la. Que isso já fosse fato consumado.
Um pouquinho que fosse. Por alguns segundos.
Mas contentava-me com o que ela quisesse.
Ou com o que me dissesse para fazer. Que eu faria..
E, claro, sem nada exigir. Contando apenas com a espontaneidade.
Enfim, queria muito para tão pouco tempo. Assim pensava.
Mas queria. Disso eu já tinha certeza.
Não sabia porque, em meio à tanta gente, na rua,
Ou outro qualquer lugar, só a v ia. Só a escutava.
Depois, veio a primeira separação. Considerei assim.
Fiquei só. Refletindo. Ofuscado pelas cores da ilusão.
E também dos sonhos. Cuidando para não perder a razão.
Surgiram, assim, sem cores, a primeira prosa, algumas rimas.
Muitas emoções. Muitas dificuldades também.
Mas resolvi insistir. Persistir.
Àquela altura nada mais dependeria de mim.
Tinha certeza disso. Pelo menos, exclusivamente.
Mas muito mais dela. Ou não necessariamente.
Quase que somente dela. Digamos assim.
E até hoje, nada consigo fazer sem a sua ajuda.
Amar, viver, e até escrever. As coisas do coração.
Tornaram-se rotinas insuportáveis, sem o seu auxílio.
Sem o auxílio dela. Da inspiração...