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Cronicas-->Ilha, estou chegando -- 09/01/2002 - 17:03 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu vou para a Ilhabela. Depois de tanto tempo longe do meu lugar, eu vou voltar. Estive por lá nas férias passadas, mas ia e voltava, como se fosse um turista. Ficava em Caraguá. Eu não sou um temporário na terra que me fez enxergar o mundo através das lentes límpidas do amanhecer. Me sentia literalmente deslocado nessas idas e vindas. Sou de lá, sou caiçara, só nasci em São Paulo por erro de mira da cegonha.

Volto contente porque nem acredito que estarei voltando. Já tinha quase perdido a esperança de ir visitar a IIha ficando na casa que foi dos meus avós. Dez dias para relembrar alegrias, tristezas e sonhos que mais tarde fui realizar. Alguns deles, confesso, ainda não realizei. Volto para lá, portanto, para voltar a sonhar. E se tiver uma chance, uma única chance, eu choro.

Choro porque é fundamental chorar no lugar onde descobri verdadeiramente o mar, onde encontrei a primeira namorada, onde experimentei o primeiro beijo, onde tive as primeiras decepções. Choro se puder porque ali está o começo de tudo. Porque ali está a minha continuação. E eu ando à procura de mim mesmo.

Quero ter a coragem de rezar a minha reza particular quando estiver cruzando o canal e olhando com carinho para o Baepi, o dono da Ilha. Não é o maior morro em altura, mas é o mais imponente e, aos meus olhos, um velho sábio barbado disfarçado de rocha. Foi sempre assim. Peço a ele autorização para entrar na Ilha e, na saída, me despeço com carinho e reverência, na esperança de pdoer voltar.

Desculpem por esta crónica meio sem sentido. É que eu fiquei sabendo agorinha, pelo Cacau, meu primo, que a casa está livre e eu poderei passar uns dias por lá. Ele a a minha prima Marisa liberaram o espaço para que nós pudéssemos viajar.

É difícil não querer contar para todo mundo que eu vou voltar. Ah, essa satisfação não dá para esconder. Eu vou voltar para a Ilha. Eu e minha família. Um eu mais velho, mais cansado, mas muito mais guloso daquelas paisagens. Ah, eu vou voltar!

Pode ter ouriço, pode ter piche na areia, pode ter até um monte de turistas barulhentos que eu nem vou me importar. Nas férias de 2002 eu vou estar na Ilha e o mundo que se tumbe. Eu quero é meditar por lá.

Boas férias para nós, portanto.
Prometo que escrevo quando aqui chegar.

Maurício Cintrão
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