Soltei as amarras de minha vida, e como um barco à deriva, segui as correntes audaciosas que por tanto tempo me convidaram à aventura...Águas revoltas afastaram-me da costa, e naveguei ao sabor dos ventos gentis, que me levaram a lugares nunca antes navegados. Ondas hostis me avisaram do perigo à frente, mas, mesmo com o perigo iminente, não consegui parar de navegar...Perambulei pelo país das lembranças esquecidas, vivi novamente minhas muitas vidas, e cada uma delas visitei com amor no coração. E pude ver de novo todas as minhas partidas, muitas sorridentes, outras sofridas, mas segui viagem, nas doces vagas da imaginação...Aportei em praias iluminadas, revi sorrisos inocentes, caminhei novamente por ermos hostis, contei estrelas em noites deslumbrantes, revivi antigos instantes, refiz minhas eternidades e senti de novo saudades de um tempo ainda por vir...Caminhei areias salgadas, molhei novamente os pés em águas enluaradas, subi mais uma vez aos montes, onde a ventania revolvia meus cabelos, olhei para os horizontes e vi pairando sobre o mar tudo o que estava a me esperar... Senti a dor das ausências dos que já não estavam lá, mas ouvi seus sorrisos e senti os abraços dos novos velhos amigos...Doces alvoradas revivi, em aveludados fins de tarde me embebi e senti novamente a ausência que ainda não era ausência, apenas uma presciência de tua chegada, e navegando na águas do passado distante, sonhei novamente contigo...Revivi a tua vinda, vi de novo o quanto eras linda...Revi teu rosto entre o espumaredo da vida, que passava pela proa do barco da existência, e uma vez mais, chorei tua partida...