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Cronicas-->Vinho com Vera -- 24/01/2002 - 17:29 (Athos Ronaldo Miralha da Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O cálice é um límpido cristal e o tinto de um intenso rubi.
Nas parreiras da serra gaúcha, nos vales e nas encostas, sob a cerrada neblina, no limite das velhas cercas, nascem os frutos da nossa terra. E são nas vinícolas, nos casarões centenários, que temos o prazer de desfrutar este nobre produto extraído das videiras.
Os incansáveis imigrantes italianos, com a experiência adquirida dos pais e dos avós, nas mais diversas trilhas dos caminhos desta vida, colocam em nossa mesa de jantar o agradável cabernet sauvignon, produzido no vale dos vinhedos do sul. A pipa é o nobre casulo que dá corpo, aromatiza e sensibiliza este suco divino.
O cálice é um límpido cristal e o tinto de um intenso rubi.
Vera Fischer e Tony Ramos fazem o par romàntico num ambiente requintado. Em uma garrafa de um tinto de valor encontram horas de lazer e descontração. Na minha sala, o tinto me acompanha em um encontro solitário com o cabernet. Sigo neste ritual na penumbra da varanda, o vinho roda levemente na circunferência do cálice, meus dedos de aço enlaçam o frágil cristal.
No rubro riacho na noite que se aproxima, o rude sovéu, é o pincel que pinto com vinho tinto a abóbada celeste. Jorro mais vinho no cálice, enquanto lá fora o arroio despenca e gira o moinho, tornando este instante especialmente raro. O vinho nos proporciona encontros saudáveis, com amigos apreciadores da arte milenar da degustação, ou nos momentos de intimidade com familiares. O cabernet é o parceiro das ocasiões especiais quando estamos introspectivos, numa meditação entre os lábios e o cálice, entre o coração e a mente, entre o afago e a saudade.
Brindo à saúde com Vera, ela na novela, eu em minha sala. Neste enquadramento, a vida é eterna na novela e infinita na sala de jantar. A música tema combina com o ambiente aconchegante do restaurante e, consequentemente, com o balanço da rede na varanda. Esqueço o Tony e me sirvo mais um cálice. Vera sorri, e impregna a sala com o buquê do seu sorriso. Enquanto isto minha taça descansa na guarda do sofá. Uma propaganda se intromete sem ser convidada e Vera se ausenta por alguns longos minutos. No próximo capítulo quem sorri é Tony, Vera apenas acaricia a borda do copo com água e, meditativa, olha para a transparência do seu profundo bojo.
De repente a novela termina. Vera vai embora. Eu sigo na companhia do cabernet enquanto as letrinhas sobem, sem compromisso, na telinha. Em segundos e para meu desconsolo, Vera não é mais Vera. - É Bussunda!
Finda o encanto, foi-se a última gota. Quebrou-se o cálice. Sobrou um rolha jogada em um canto lúgubre da sala e uma garrafa vazia na estante. Foi-se o aroma do cabernet, no rastro da noite, ao encontro marcado com a solidão.
Desligo a televisão e vou para cama com Isabel Allende.
Leio até altas horas o romance Casa dos Espíritos. Até que o sono me derruba e o livro adormece no chão.

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