"As criaturas da noite, num vóo calmo e pequeno, procuram luz, aonde secar, o peso de tanto sereno..."
Assim começa uma música das antigas (1974?), mas que toca lá em casa até hoje. A verdade é que não sou tão antigo assim, devo tê-la conhecido lá pelo início dos anos 80, quando era bem jovem. De lá para cá muita coisa se passou. Envelhecemos...não, não, não envelhecemos, apenas melhoramos muito. Aqueles ídolos já são cinquentões. Nós ainda vamos demorar um pouco pra chegar lá. Mas o que quero externar é a minha convivência vintenária com a energia - boa energia - dos poemas/canções ou canções/poemas produzidos por aquele grupo de músicos e que têm em Flávio Venturini uma espécie de síntese. A música do início foi gravada por um grupo que se chama "O Terço" (me parece que permanece em atividade, com outra formação e fora do circuito comercial), grupo que o Flávio integrou antes de decolar com o 14 BIS e carreira solo. Mas é incrível que, passados tantos anos, ainda esteja acompanhando essa gente. É incrível que eles permaneçam tão distantes e tão próximos. Amigos que não conheço. Se chegasse em suas presenças, não saberia o que dizer, embora os ouça todos os dias. Todos que gostam de poesia, de coisas harmónicas deveriam conhecê-los. Harmonia. Esta é uma palavra que deveria significar algo para todas as gentes. O mundo precisa de harmonia.
Pois é, hoje acordei com estas lembranças. Lembranças de viajantes querendo chegar antes dos raios de sol. De caçadores. Manhãs novas. Águas de espelho. Paraíso. Arco-íris. Juventude bela. Andarilho. Cidade feroz. Sol da noite. Beija-flor.
Tudo isso lembra bons tempos. Hoje ainda são bons tempos e as criaturas continuam por aí espalhando bons ventos.