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Cronicas-->A dor de amor -- 03/02/2002 - 11:10 (Aluiz Henrique) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As vezes, quando passo pelas ruas e a vejo, sinto renascer em mim algo que há muito já deveria ter se apagado. São velhos fantasmas, cheios de rancor, que me acompa-nham por horas a fio, sussurando palavras amargas e cheias de dor. Atravessam meus mi-nutos como uma irritante sinfonia de tristeza e raiva.
Se meus olhos, quase que por vontade própria, miram-se então em seu novo amor, surgem comparações vazias e perguntas tolas. Entre os pensamentos perdidos e ações que refletem toda a minha angústia, pergunto-me por que tinha que ser assim? Como você pode fazer isto comigo? Por que agora você finge deixar minha alma seguir em paz e reaparece, trazendo consigo aquilo que uma pessoa pode ter de pior?
Olhar para você, que já foi razão de tantas palavras mais serenas e bonitas que estas, é ver o mundo pelas lentes da solidão e da constante sensação de fracasso. Sim, porque se existe algo que fica com o fim de um longo amor, é a eterna sensação de fracasso. O fracas-so de não ter conseguido alcançar seus momentos mais preciosos, de ter sido seu confidente e, de repente, como numa virada de filme de terror, perder tudo: os sorrisos, as confidên-cias, os carinhos, a carne, o toque.
Quantas vezes eu chorei por tudo isso? Quantas vezes feri a mim mesmo por me considerar culpado pela sua partida? Eu ainda carrego as cicatrizes, expostas na minha in-completa falta de coragem de seguir outros rumos, de desfazer amores vazios, de acreditar nos riscos, enfim, de sentir qualquer coisa.
Mesmo assim, mesmo assumindo que nunca mais terei em mim algum traço daquilo que fui ao seu lado, mesmo admitindo culpas e aceitando punições e auto-exílio, você não se afasta. Está sempre presente. Seus fantasmas não me deixam. Vivem me tragando para este buraco no espírito onde há tão pouca luz.
Quantas pessoas como eu não se fazem a mesma pergunta? Não vivem a mesma si-tuação? Condenadas a jamais esquecer aquilo que um dia foi amor e agora é uma presença maligna, que as vezes surge do nada e devasta confianças frágeis. Confianças que foram adquiridas com muita dificuldade entre risos forçados, idas a lugares distantes para tentar, quase em vão, num último esforço, trazer a alma de volta à tona para respirar.
Dizem que "tudo passa" e que devemos aprender com nossas dores. Não acho isso justo e evito dizer isso para as pessoas. Afinal, se existe alguma fórmula para arrancar as farpas de um amor que se tornou dor, ela está bem escondida. Longe do meu alcance ou de qualquer outro que, mesmo tentando disfarçar, carrega consigo as mesmas sombras a que me refiro.
As vezes quando passo pela rua e a vejo, penso onde está minha felicidade e lembro do tempo em que a tinha como amiga e não como saudade. A tinha como sonho e não como medo. Mas quem sabe algum dia eu aprenda a fazer tudo passar. Talvez algum dia eu aprenda algo com essa dor e, como você, consiga olhar para aquilo que fomos e não sentir nada.
Talvez eu consiga olhar para você e simplesmente misturar sua presença com as das outras pessoas que passam pelas ruas. Estas mesmas ruas, que um dia aplaudiram nossa passagem e que hoje estão repletas da minha solidão.


"Prá disfarçar escondo nos sorriso a dor
que sinto ao te ver passar na rua com seu novo amor"

Herbet Vianna
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