Apesar de tudo, o Brasil já foi mais colorido, embora conserve, ainda, as cores de sua bandeira. Apesar de tudo. Apesar do verde de outras moedas de outros cantos que é gasto com o pagamento do serviço da dívida externa. Dívida que é sem fim. Ou seria eterna?
Apesar, também, da febre amarela que já foi em outras épocas causa e efeito da corrida ao ouro, e que agora se alastra pelos grandes centros urbanos, aliada ao mosquito da dengue, ameaçando a saúde e a paz incolor dos brasileiros.
Enquanto isso, apesar de tudo, ao mesmo tempo em que se luta pela preservação da ararinha azul, as crianças de todas as cores e matizes morrem amarelos de fome e de sede pela falta do azul da água, que apaga e escurece os últimos vestígios e lembranças dos tons verdes que cobriam suas terras e matas, e que lhes traziam as esperanças por dias melhores. Ainda resta, felizmente, e apesar de tudo, a lembrança de todas as cores de nossa bandeira.
Apenas e tão somente precisamos resgatá-la, antes que algum aventureiro o faça, e revê-la, como nos bons tempos, altiva a tremular. Afinal, e apesar de tudo, para que servem as eleições ?