Santa inteligência a visão do mundo ao entrar em guerra para manter a paz. Nada foi feito e tudo foi esquecido. Perdoe meus trocadilhos, leitor, minhas palavras amanheceram terríveis, tão cruéis quanto a realidade. Vimos o play e o replay da tragédia nas irmãs de concreto no céu arranhado de Nova York; hoje o famoso pó cinzento de lágrimas sanguíneas circulam como esgoto as ruínas Yankees. "É preciso revidar; o que é ruim para os EUA é ruim para o mundo", disseram as barbas do Tio Sam, ora representado por George W. Bush.
Do outro lado do mundo, Ariel Sharon, primeiro-ministro de Israel despeja violências e atrocidades contra indefesos civis palestinos. Afinal, são todos suspeitos de terrorismo, e, qualquer movimento brusco: BOW! Quem sabe se as balas pudessem ser cobradas das famílias das vítimas, tal como no massacre da Praça Celestial, ou familiares de judeus durante a guerra do santo Hitler.
Inteligência mundana: sábias decisões como o bombardeio nas ilhas japonesas, a guerra do Vietnã, as intervenções "diplomáticas" da ONU (leia-se zorro, EUA de máscaras!) em Kosovo, floresceram no Pentágono, e agora o genocídio do povo palestino em nome da luta contra o terrorismo jihad, contra os homens-bomba das barbas de Osama Bin Laden escancara a sábia frase: "isto não vai ficar assim", ao vivo, em microfones subterràneos, nas crateras afegãs.
O mundo nos apresenta um novo dicionário: justiça - retaliação e vingança; árabes - pagãos terroristas infiéis; Bush - o justiceiro sofredor, o mocinho bang-bang dos Western movies ; Laden - o vilão número um; o acordo de Camp David - humanização ocidental, negando aos palestinos o direito de ter uma pátria; etc. Os rótulos são as cartas de desculpas criadas para justificar a guerra. Afinal, a validade de mísseis e outras armas estariam quase vencendo, e, milhões de dólares não poderiam ser desperdiçados.
Não somos humanos, somos garrafas rotuladas numa estante reservada do supermercado da vida. Somos garrafas que assistem novelas com mulheres dançando por trás de véus, num país exótico e erótico, com cenas de traição à base da normalidade. Tio Sam é o gerente que rotula o sionismo - retorno judeu à terra sagrada - como invasores sem-terras.
Palmas para Shimon Peres, o israelense que recebeu o nobel da Paz, hoje, apesar da criação em berço de ouro, é o Ministro das Relações Exteriores, braço direito do gabinete de Ariel Sharon. Deveríamos entregar o nobel da paz para o populista denunciado na Espanha e detido "provisoriamente" na Inglaterra, o tirano Pinochet. Deveríamos entregar o nobel para Milosevic, Rabin, Arafat e, porque não, ao polêmico Bin Laden. Mais palmas!
Moramos no Brasil que alugou a base lança-foguetes de Alcàntara (Maranhão) aos EUA. Alvo do terrorismo internacional? Bobagem! Por trás da guerra está um óleo negro, que passa pelo oleoduto do Irã e Afeganistão, nas jazidas do mar Cáspio. Líquido este que causou as crises mundiais de 73, 79 e 2001. Poderoso e influente!
O problema é que as garrafas de vidro são incómodas e o mercado valoriza as descartáveis! O ilusionismo é a base para se viver neste mundo encantado e mágico. Alguma guerra, por acaso, é santa ou justa? Termino com a frase de Mahatma Ghandi: "enquanto fizermos valer sempre o olho por olho, haveremos de morrer todos cegos".