"Arrombaram a Porta", faz tempo, meu caro companheiro Francisco Simões. A mão que afaga é a mesma que apedreja, já dizia o poeta. Um país que sempre foi conhecido pela prática intransigente das liberdades democráticas, não poderia dar exemplo tão deprimente. Usar da arrogància e de seu poderio político e bélico, para retirar cada pedrinha, ainda que preciosa, do seu caminho, rumo à imposição e à ampliação de suas fronteiras, à s custas da destruição de nações inteiras - e da morte e sofrimento de idosos e de crianças indefesas - é ato condenável.
Surpreende e causa indignação. Supera, em muito, as condenáveis ações terroristas que tanto propaga combater. O pior de tudo, é o silêncio da maioria de seus pares, que se esconde por detrás do muro preocupante da abstenção.
O brasileiro José Maurício Bustani foi indicado pelo próprio EUA, na era de Clinton, para a chefia da OPAQ, organização que controla, política e diplomaticamente, a produção e o uso de armas químicas. A partir do momento que passou a "atrapalhar" os planos de Bush, para invadir o Iraque, sob o pretexto de que aquele país estaria produzindo armas químicas com objetivos terroristas, Bustani foi "julgado" incompetente, por vários adeptos de Póncio Pilatos, que não hesitaram em lavar suas mãos.
Mais uma vez, Barrabás saiu vitorioso. E Cristo foi condenado, sem direito ao amplo contraditório, princípio basilar de qualquer democracia. Resta-nos esperar pelo milagre da reencarnação. Que se restaurem, em tempo apropriado, os verdadeiros valores cristãos de justiça e de liberdade, para que o mundo não se acabe em mais um dilúvio, posto que, desta vez, com certeza, não mais será de águas, mas, sim, de petróleo.