Um urubu, não sei se rei ou jereba, me trouxe notícias fresquinhas do gélido Hemisfério Norte. Os ventos nunca foram tão calmos, nem as nuvens se acinzentaram tanto. Há uma paz de angústia... uma inquietante calmaria no ar.
Parece mentira!... Mas um pólen de uma flor contou ao beija-flor. Ele voou e foi contar ao sabiá, à patativa, ao melro, à s andorinhas!... O passarinhedo voou e foi espalhar ao mundo. Saíram das matas e invadiram cidades, enfrentando condições adversas. Mais que nunca seria preciso cantar para contar à s cidades!
Na floresta, um indiozinho chora à beira de um rio. Um pranto triste salga suas doces águas. A pequena lágrima espalhou a notícia para o salmão, o bagre, o pirarucu... A natureza não oporá obstáculos! Voltem para seus continentes e digam ao mundo que o "homem" não está mais aqui para nos proteger e cantar.
Parece verdade. Será mesmo?...
Sozinha, Lígia bebe um chope gelado. Ângela apressou o passo para aproveitar a última gota de sol. Ana Luiza estica o olhar magro para descobrir o segredo da luz por trás daquela porta. Dindin desaparece entre a neblina e muitas gotas de orvalho.
Será mesmo verdade?!!!... É, parece!
Mesa de bar. Amigos muitos chegam a conta-gotas. Uma palavra, uma frase, um verso, um caso, uma mentira!!!... Risos e lágrimas desabrocham e rolam pelas faces nervosas.
Dia seguinte. Na padaria, pão e leite esperam pelo antigo comprador. Na banca de jornais, ele é a notícia. Na farmácia, o leitor de bulas não mais diagnosticará velhos remédios para as mesmas doenças do mundo.
- Psiuuuu!!!...
O urubu me chamou a atenção pela última vez. Não sei, até agora, se ele é jereba ou rei. Foi então que eu percebi um barulho de ave nova querendo voar.
- Está ouvindo?... O Tomzinho... virou passarim!