O Vermeho da Raiva e da Vergonha
(por Domingos Oliveira Medeiros)
A Ferrari pisou na bola, quer dizer, mandou o Rubens Barrichello tirar o pé do acelerador. Segundos antes da hora de acontecer o "orgasmo automomobilístico". Rubinho ficou, mais uma vez, no meio do caminho. No meio do caminho tinha um alemão e muitos interesses em jogo. A corrida, em si, a competição justa e leal, o esporte, o público presente, que se danem. Prevaleceu, mais uma vez, não o espírito, mas o fantasma olímpico, do inusitado e do inexplicável, que, aliás, nos últimos tempos, parece ter adquirido cadeira cativa no cenário de quase todas as modalidades esportivas.
Mas o público não engoliu a farsa ou a insensatez, como queriam os donos do espetáculo. Vaias de indignação ecoaram por todos os lados do autódromo. E o ditado se fez presente. Com pequenas alterações. Agora diz-se que os últimos (não mais serão) seriam os primeiros. Ou serão, ainda? Serão, apenas, no caso de levarmos em consideração outra expressão já bastante conhecida do futebol brasileiro. Aquela que sentencia o injusto perdedor como o "Vencedor Moral". Só que o vencedor moral, de direito e de fato, não ganha jogo. E Rubinho, desta vez, injustamente, ficou sem os pontos que lhe seriam de direito e de fato.
Atitudes como estas é que contribuem para o descrédito em relação ao esporte. Não é por outro motivo que o futebol carioca está sendo desacreditado. E a questão não é nacional. No mundo inteiro, há casos idênticos. Por trás de tudo, a competição predatória. O espírito olímpico, de lealdade, de persistência, de bons exemplos, saiu pela porta dos fundos. E pela sala, com todas as regalias, entrou o espírito do capitalismo selvagem. O objetivo é o da acumulação de capitais e de prestígio. Ainda que à s custas da imposição e da escandalosa farsa. Vencer e vencer foi substituído por ganhar e ganhar. Mas ganhar, aqui, com outro sentido. Ganhar e ganhar muito dinheiro. Os cartolas do futebol que o digam. E seus patrocinadores também. E, quiçá, alguns juízes. A Copa da França ainda não foi bem explicada. O mal estar do Ronaldinho, também. Talvez, alguém, em futuro próximo, resolva publicar sua biografia. E, quem sabe, ficaremos cientes, de uma vez por todas, de que o Brasil, na Copa da França, teria sido o Campeão Moral. Por falar em moral, como andam os resultados da CPI do Futebol?