Não é mole não, sonhar com o Japão e acordar como o Gabão. Tem muita gente falando que o Brasil está do meio para o fim. Eu, particularmente, acho que está do fim para o fim. Ah, não? Então observem: o PSDB virou um partido de massa, FHC fujimorou de vez, o técnico da seleção canarinho gosta de levar uma inteligência, Barrichello e Popó disputam o título de salvador da pátria e, nos 500 anos do Brasil, a globo lança uma novela com índio branco.
A social democracia brasileira caiu nas graças do povo. O bolo demorou, mas já está saindo. O homem da Serra elétrica entrou com o ovo genérico e o Sepultura s Cover com a colher de pau na cabeça. Falta o Malan adicionar fermento e o vasilinado Paulo Renato jogar a manteiga na farinha de trigo FHC, tipo exportação. É como no programa juvenil Passa ou Repassa: respondeu errado, torta na cara.
O Peru é aqui? Dom Fernando II não tem olho puxado, mas tem a quem puxar. Lá vem ele com aquela tal Lei de Segurança Nacional, grande sucesso nas ditaduras de Vargas e dos militares. Deve estar contagiado pelo grande hit do momento: analisando essa cadeia hereditária quero me livrar dessa situação precária. Aplicar a LSN em quem? Via intravenosa no Rainha e nos seus súditos ou via oral na turma do narcotráfico.
A seleção brasileira de futebol abandonou a simplicidade do canarinho para adotar a arrogància do tucano. Luxemburgo, que não abre mão de sua plumagem nem nos túneis dos estádios, bota banca para todo mundo. Bom de lábia, ameaça repórter em entrevista e depois se justifica alegando que estava levando uma inteligência. Será que é isso que ele prega em suas palestras pelo Brasil?
Precisamos urgentemente de um herói, de um salvador (da imagem) da pátria. Ronaldinho está bichado. Rivaldo parece sem vida. Guga é talentoso e tem carisma, mas, por enquanto, continua simples e não troca bola só com a Globo. Então, acelara Rubinho Barrichello do Brasil! Mas no meio do caminho tem sempre um problema mecànico para complicar. Tá difícil, faz um 21 para a Terra Nostra e transforma os brasileiros em tifosi. Se não der, tenta o Popó, enquanto ele ainda está no peso.
Um país que chega aos 500 anos na plenitude do neoliberalismo e totalmente globalizado, só tem a oferecer como diversão Uga Uga. Uma novela com uma movimentação moderna e com um enredo pra lá de batido. Um verdadeiro atentado contra nossa inteligência. Num país onde os índios lutam contra a morte de seus costumes, é brincadeira imaginar um homem branco, criado em uma taba, que não fale nada em português. Deve ser delírio dos autores ou um belo pretexto para o retorno dos descamisados Marcelo Novaes, o feirante sarado e Humberto Martins, o homem macaco.
É isso aí. No mais, o resto continua numa boa: o Armínio Naufraga arrancando os cabelos com as altas do dólar, painho ACM convocando as tropas para as ruas, Ana Maria Braga queimando os dois únicos neurónios para derrotar louro José e eu nessa vida de bobo da corte, carregando o apelido dado por nossa Majestade Fernando II de derrotista de plantão.