A cada instante, algo inusitado completa a paisagem natural de nossa existência. E não adianta se esquivar na alcova da moral - o lado risível existe prontinho, como água de beber, na estética do comportamento moderno. E quem não quer ser moderno? Na Bahia de Gil, Caetano, Gal, Betània (sapataria) e tantos outros, o baiano arretado Etevaldo Silva, de 20 anos, resolveu dar um jeito no que as mulheres sempre se queixavam "não dá nem pra fazer cossegazinha", e injetou silicone no próprio pênis.
No hospital, as enfermeiras cochicham entre si - tem gente que reclama de tudo... E agora? Pobre Etevaldo, o pênis necrosado pode ser decepado. Na ànsia de aumentar o membro sexual, usou silicone líquido industrial próprio para lubrificar carro. Solidários ao extremado gesto de masculinidade baiana, políticos e a Bahia inteira, até o governador foi ao hospital e não resistiu ver o património do baiano em perigo de ser cortado. O negócio virou um bolão nos testículos do incauto enfermo.
O médico que o atendeu na emergência, dias atrás também atendera a doméstica Rosàngela Dantas de Jesus, que em coma, depois de receber uma injeção de silicone industrial nas nádegas, foi a óbito ali mesmo. Ao mesmo tempo, apreensivo, o médico em toda a sua longa clinicància, nunca havia visto algo parecido - um pênis nesse estado. No leito da enfermaria, Etevaldo puxa o lençol constata que a coisa ta feia. Mas agradece "se tivesse completado o serviço na língua, agora estaria de todo lascado". (E-mail: rcarvalho30@hotmail.com)