Introdução
A Europa está em guerra! As importações de alguns produtos para o Brasil são interrompidas. Um dos produtos que passa a não ser mais importado é o cimento branco. A sua origem era exclusivamente européia. No Brasil, ninguém sabia a fórmula. Com o Velho Continente se autodestruindo na maior guerra de todos os tempos, na divisão entre regimes totalitários e democráticos, o Brasil "passa a viver numa sinuca de bico".
É aí que entra para a História o nosso engenheiro-químico do Vale do Sapucaí, "Seu" Edmur Carvalho, então com aproximadamente 30 anos. Edmur, nessa época, trabalha na fábrica de cimento Portland Itaú de Minas. Essa fábrica era responsável pela maioria dos cimentos utilizados no país. E como o cimento branco, que era importado, é utilizado para revestimento de ladrilhos, de faixadas, etc, a empresa deixa de entregar em muitas obras o tal do cimento. Por consequência, também, deixa de faturar. Nesse período, "Seu" Edmur, que trabalhava no laboratório juntamente com mais dois químicos, se vê de repente, sozinho no laboratório, pois os outros dois químicos estavam viajando.
Obsessão
Com a sua experiência e vontade, Edmur Carvalho se lança com afinco a procura da fórmula do cimento branco que a aquela altura se fazia necessário, pois o Brasil inteiro estava órfão de tal cimento. Com um pedacinho do cimento branco nas mãos, a obsessão de conseguir a fórmula na cabeça e a ajuda dos vários ajudantes de laboratório, "Seu" Edmur acha a fórmula que o país inteiro precisava naquele momento e a partir daí, o Brasil passa a não mais precisar importar o cimento branco dos países do continente europeu.
Existe apenas uma prova que realmente garante que "Seu" Edmur foi o primeiro brasileiro a achar a fórmula do cimento branco. A prova não é uma patente que Edmur Carvalho poderia ter requerida para receber os direitos sobre a tal fórmula e sim uma carta de agradecimento da direção da fábrica para com o químico Edmur por ele ter "redescoberto" a fórmula para o Brasil.
Edmur Carvalho, então na década de 40, pensa que por ele ser funcionário da fábrica teria que passar a fórmula para a direção da empresa e não ter que patentear a fórmula em seu nome. Essa face de "Seu" Edmur demonstra que a honestidade naquela época não era uma virtude como hoje, era uma obrigação. A honestidade é hoje a única prova que este senhor tem para comprovar que foi ele que achou a fórmula para o país. E este país, infelizmente, não sabe sequer nem quem é o senhor Edmur Carvalho.
Texto publicado no jornal Minas do Sul no dia 27 de maio de 2000
Escrito em 26 de maio