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Cronicas-->O louco e o Picasso -- 03/06/2002 - 20:02 (Almado Corpo) |
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O LOUCO E O PICASSO
Tinha ele 41 anos,
dos quais mais da metade
vivera em um hospício de Amsterdã.
Endoideceram-lhe as obras de Picasso.
Não conseguiu deitar-se à quela arte.
A obra genial tornou-o medíocre.
A família optou pelo manicómio,
lá ele poderia olhar os quadros em sua mente
e chorar pelo Desespero...
Seu olhar eram os quadros de Picasso,
tinha espasmos de realidade com o museu -
a sepultura de ouro das obras mortas -
Rasgar um Picasso talvez o libertasse.
Decidira fugir e cumprir tal tarefa,
iria matar a "Mulher nua em frente ao jardim".
Sim! A "Mulher nua em frente ao jardim"!
Dirigiu-se ao museu sem sentir direção.
Sabia-se o caminho desde há muito.
Comprou com o dinheiro da vida
um ingresso do museu.
Pós o pé adentro com sobriedade.
Foi direto à "Mulher nua..."
e num gesto simples e delicado,
com a mão de um pintor,
rasgou a Mulher de Picasso
com seu pincel de adaga.
Deu as costas e caminhou satisfeito,
foi direto a um jornal:
o ingresso, a adaga e o fato nas mãos.
Deu um sorriso sarcástico ao homem das letras,
e, em seguida, enfiou-se a chorar pelo Desespero...
Aprisionado pela loucura de olhar Picasso
e se aprisionar pela loucura de Picasso
aprisionado em Picasso pela loucura
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