Foi na virada do ano de 1980.
Fabrícia saiu do banho, abriu seu guarda-roupa e pegou sua calcinha nova: vermelha. Sim, porque o vermelho representa o amor, a paixão e ela estava perdidamente apaixonada por Estéfano.
O telefone tocou:
- Aló?
- Querida?
- Oi, meu amor! Já estou quase pronta! Se quiser, já pode vir me buscar.
- Sabe o que é, Fabrícia... é que eu não vou poder ir até aí...
- Ah... bom, tudo bem. Eu pego um táxi e te encontro. Você já vai indo pra Lucimara. O Léo já vai estar lá também...
- O Léo não vai estar lá.
- Como você sabe? Meu Deus! Ela e o Léo brigaram de novo? Mas, logo nesta noite?
- Não, eles não brigaram.
- Ué? Então, o que foi que aconteceu?
- Ih, Fabrícia, a campainha tá tocando. Já te ligo de novo.
- Entre.
- Falou com ela?
- Mais ou menos.
- Como mais ou menos, Estéfano?
- É que eu estava falando e você chegou... deixe isso pra lá. Me dê um beijo!
- Aló?
- Oi... oi, Fabrícia!
- Tudo bem?
- Tudo.
- Mesmo?
- A-hã
- O que foi? Você não pode falar agora?
- Pois é...
- O Léo tá aí do seu lado?
- Não. Ele saiu. Não sei pra onde foi.
- Você tá chorando?
- Não...
- Não consigo falar com o Estéfano! Só dá ocupado...
- Você não vai ligar pra ela?
- Tó sem coragem...
- Ah, agora tá sem coragem? E eu que abandonei tudo por sua causa já tó começando a me arrepender...
- Aló?
- Estéfano?! Querido, a Lucimara...
- Fabrícia, preciso te dizer que...
- O Léo sumiu...
- Eu sei...
- Sabe? E onde ele está? Ela tá desesperada, a gente precisa encontrar o Léo!
- Eu falei com ele e...
- E...
- Ai, meu Deus! Nem sei por onde começar....
- Estéfano, quem está aí com você?
- Ninguém...
- Como ninguém, Estéfano? Eu tó ouvindo barulho...
- É a tv.
- Quem?
- Sou eu, Fabrícia.
- Maria Luiza?!