Que Acordei como todos os dias e tudo estava cinza. O relógio na parede de meu quarto fazia o mesmo tique-taque incómodo de todos os dias. As mesmas roupas me vestiam com as mesmas cores, já que tudo estava cinza. Meu café da manhã tinha o mesmo gosto de ontem, que teve o mesmo gosto do dia anterior. Na rua as mesmas pessoas passaram por mim com as mesmas roupas e os mesmos sorrisos amarelos (que para mim eram cinzas) conversando sobre os mesmos assuntos, da forma que fazem há anos sem ter a capacidade de mudar seus respectivos repertórios. Mas no meio de tanta gente igual e cinza, surgiu alguém dourado.
Então eu amei.
Quando E tudo que era cinza passou a ter cor. O céu não mais sustentava um Sol que vomitava borralhos na terra; o céu era azul como uma enorme opala, e o Sol, de tão amarelo e vivo, ofuscava as nuvens que insistiam em querer tapá-lo. Incrivelmente as roupas cinzas e sem graça das pessoas passaram a ter cores e cortes diferentes. Ao prestar atenção nas conversas urbanas, verifiquei o quão interessantes elas são. E os sorrisos amarelos então? Ah, como ficaram simpáticos e dignos. Algumas pessoas tentavam me puxar de volta ao cinza com seus olhares e conversas tristes, mas o vermelho de meu coração superava a tudo e a todos. Agradeço ao Tempo por ter mantido meu coração imaculado para o que viria, me deixando livre para viver intensamente este amor que, certamente, nunca se esgotará. Imploro à Deus que impute ao Homem amar como eu amo e não mais destruir suas vidas em guerras que nunca mostrarão a ninguém as coisas agradáveis deste Acinzentado Mundo Belo.