o corvo é o pássaro mais brilhante e negro da literatura. a cidade está viva lá fora. ela cresce, suas
ruas e bairros são como tentáculos de polvo que avançam sobre o serrado. porém isso não é tudo... vastos cemitérios
guardam seus mortos e aguardam. retornarão? não. deixarão suas bocas e corações enterrados na boca da aurora. desse décimo-terceiro
andar olho a cidade que se reproduz. e avança sobre o sertão. há cem anos aqui era a boca do sertão. havia somente a úlcera
de Bauru e mosquitos. depois vieram o trem de ferro e o comércio. meus avós também vieram e costuraram botas, venderam sapatos, fundaram
hospitais. vieram também os turcos, os italianos e os espanhóis; os japoneses, os sírios, os polacos e os agiotas judeus.