Neste mundo repleto de ismos e logias, as lógicas perpassam nossa capacidade humilde de entendimento. Como se pode entrar em guerra para manter a paz? Afinal, a vingança seria um estímulo natural, inerente ao instinto humano, absolutamente compreendida até pelo papa!
Hoje, nos trancamos em casa, face à liberdade dos malfeitores. E rezamos para que os bandidos não ultrapassem nossos cadeados. A qualquer momento o sono lembra-nos o trauma de uma violência ressentida, uma dor sufocada, feita apenas de ausências. Abrimos a janela e sentimos o odor da selvageria lá fora.
Livre arbítrio. Assim foi dito e cumprido. A culpa não é da sociedade, dos governantes, nem de Deus. Cada um traz consigo o reflexo de sua alma espelhada, carregando a capacidade nobre do raciocínio, do estímulo.
Pau que nasce torto pode consertar-se. Se o dito popular estivesse certo, estaríamos condenados ao caos, sem direito à defesa prévia, nem sequer sustentação oral. Estaríamos vivendo num Érebo, onde seríamos Sísifos (da mitologia grega), condenados a rolar a pedra do nosso cruel destino até o topo da montanha, sempre em vão, na eterna rotina dos tempos, percorrendo seu fluxo, rumo ao infinito.
Não basta armar a polícia para combater o crime, nem combater a violência com violência. Não será preciso mudar todas as legislações. Se a criança é a semente do futuro fruto da sociedade, é preciso cultivá-las com lições de amor, sabedoria e paz, para que possa seguir seu caminho iluminado, longe das maledicências. John Lennon já gritava "dê uma chance à paz".
Vamos dar uma chance à paciência, que nos reluta aos nervos. E lembrar que fazemos parte deste mundo burocrático, onde temos não só o direito, mas o dever da responsabilidade.