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Cronicas-->O Pinto Azul -- 24/06/2002 - 12:35 (Andrea Itocazo Rocha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O pinto azul


Tudo bem, não tenho nada contra os homossexuais. Até moro com uma amiga que, como dizem os especialistas, gosta de colar o velcro. Mas, eu não sabia que era tão perigoso:
Estava quase dormindo quando despertei com um barulho estranho - bzzzzzzzzz. Levantei assustada, como nos filmes de terror em que a vítima sonha estar sendo enforcada e, subitamente, acorda sentindo falta de ar.
Logo pensei na máquina de lavar roupa. Teria deixado a máquina ligada e ela estaria a ponto de sofrer um ataque de curto-circuito? Levantei e fui até a área de serviço. Antes mesmo de chegar até a porta da cozinha, o barulho - bzzzzzzzz - acelerou - bzzz... bzzz.. bzzz...bzzz
Virei assustada. O barulho vinha da sala. Algo se mexia atrás do sofá. Tremendo, consegui acender a luz. De repente, um pinto azul de borracha pula para cima de mim. Grito. Esquivo-me. Fujo. Tento me esconder atrás da cadeira, mas o pinto azul de borracha pula em minha direção, mais precisamente, para o meu rosto. Consigo segurá-lo a muito custo. Ele deve estar com pilhas duracel. Levo uma "pintada" na cara que me derruba. O pinto está sobre a minha barriga, pulando com tanta força que bate no teto antes de esmurrar no meu estómago. Quase sem forças (você já levou murros no estómago?), consigo alcançar a almofada em cima do sofá e arremesso-a no pinto azul bem na hora em que está dando o salto para o teto. O pinto bate na porta e cai no chão. Parece morto. Aproximo-me devagar. Pode ser que ele ainda esteja vivo como nos filmes de serial killer. Agarro-o e antes de conseguir tirar-lhe as pilhas, ele dá uma última tremidinha - bzz.
No dia seguinte, arrumo minhas malas. Tudo bem. Não tenho nada contra homossexuais, mas é impossível morar com alguém que tem um pinto de borracha. Azul.

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