Ao trabalhar no levantamento de minha árvore genealógica cheguei a um impasse: não conseguia descobrir onde havia falecido a minha avó paterna.
Os filhos de Maria Càndida - este era o nome de minha ancestral - não podiam auxiliar-me. A morte já os carregara para um mundo melhor.
Durante muitos anos, encontrar alguma informação sobre o falecimento de Vovó Càndida passou a ser um grande desafio.
As constantes mudanças de domicílio do esposo Franklin de Albuquerque dificultavam a procura.
Sabendo que meu pai, nascido em 15 de março de 1904, tinha três anos de idade quando perdeu a mãe, enviei cartas aos cartórios de todas as cidades onde, segundo informações recebidas, tinham residido Maria Càndida e o marido.
Como nada encontrei naquelas localidades, expedi correspondência aos demais cartórios da Zona da Mata Mineira e das cidades fluminenses mais próximas com solicitação de procura do registro desejado, providência que se mostrou infrutífera.
O desànimo invadiu-me. Passei a trabalhar com a hipótese de minha avó ter falecido em uma cidade fora da região, talvez no Rio de Janeiro (RJ), onde poderia estar tratando da saúde.
Certa noite, porém, algo estranho aconteceu: recebi, em sonho, comunicação da antepassada de que seu óbito havia ocorrido em Porto de Santo António.
Impressionado com o fato, procurei as cópias dos expedientes encaminhados anteriormente a diversas localidades, constatando ter havido consulta a Astolfo Dutra - atual denominação de Porto de Santo António -, sem resposta afirmativa, o que me deu a convicção de que o sonho não tinha fundamento.
Quando me dedicava, algumas semanas após o acontecimento aqui narrado, Ã leitura de jornais mineiros do início do Século XX, guardados na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, deparei-me, com surpresa, nas edições do jornal "Cataguases" de 18 de outubro e 27 de dezembro de 1908, com o nome de meu avó Franklin em relação dos eleitores do Distrito de Porto de Santo António e no rol dos jurados da mesma localidade, respectivamente.
A descoberta indicava, então, que Maria Càndida poderia realmente estar residindo em Astolfo Dutra na ocasião de sua morte, por volta de 1907, o que me levou a solicitar novamente ao Cartório do Registro Civil da cidade, desta vez com maior confiança, a certidão de óbito de minha avó.
A resposta confirmou a mensagem transmitida em meu sonho: Vovó Càndida havia falecido em Porto de Santo António em 14 de julho de 1907, à s 14 horas, em sua residência à Rua Prefeito José Vieira, antiga Rua do Comércio.