A chuva não se anunciou como de costume...Estava um tempo firme, céu escampo, sol de estio. De quando em quando, soprava uma viração leve, trazendo um refrigério para a canícula dos b-r-o-brós.
Estávamos no centro da cidade, você e eu, fazendo compras para a fazenda. Utilizávamos o pequeno Samurai vermelho que você de tanto gostava de dirigir, apesar de ser, pela dura suspensão, um jumentinho de quatro rodas. Lembro-me perfeitamente: entrei naquela loja de eletrodomésticos para adquirir um ventilador industrial para a nossa varanda frontal. De repente, ouvi o barulho da chuva, o sopro fortíssimo da ventania e o pipocar do granizo sobre o telhado de zinco daquele velho casarão.
Mas, do mesmo jeito que veio, a tormento passou, rapidamente.
O estrago já fora feito: árvores tombadas, tetos desabados, placas de sinalização viradas, folhas secas cavalgando as ondas da enxurrada.
Você, espantada, confessou-me que ficou pensando, em primeiro lugar, que os moleques estavam arremessando pedrinhas na capota de lona do veículo e, ao mesmo tempo, balançavam-no, como se quisessem fazê-lo tombar.
O tornado passou...Aquelas nuvens carrancudas sumiram...No alto do firmamento, como se tivesse acabado de sair de uma soneca, o sol voltou a brilhar.