Me calo, longe de mim e perto, dentro, sendo, só, perto de ti, cumprindo arduamente as missões, os testes, as provas com leves interrupções para o amor e nada mais... Engolindo por ti cada ferida, cada palavra atravessada, cada grito não solto na hora exata, cada descontrole hermético e inconscientemente calculado, cada marca, cada tonalidade de roxo, azul e vermelho impressas na minha pele com o mais saboroso das dores de nossas noites, da pele perdida na unha, da carne no dente, do choro escondido no gozo, do cheiro forte de gente, do ar passando devagar pela boca soprando de lado os fios de cabelo sobre o rosto apertado num canto da parede, assumindo nada mais o posto de ser tua e só, de mais ninguém, nem de mim mesma, e para mais nada, porque és minha libertação, meu amor... Minha última, pura e sófrega tentativa de eliminar tudo em mim que é anímico, de me perder, sem controle, sem a carga de respirar alguma vida. Minha chance de cumprir algo, sem meu frágil e tolo comando, vivendo para ser tua e ser tua para continuar vivendo ...Como se um dia eu tivesse me desfeito na tua boca, e minha alma se dissipado... Levada pelo vento, banhada pela água salgada, embarcada na terra, levada por pés descalços na areia que nunca mais encontraram de volta suas pegadas nela marcadas.