Alguns acham que fila é uma invenção brasileira. Engano. Em qualquer parte do mundo, é uma solução inevitável. Com todos os avanços tecnológicos, ninguém ainda conseguiu inventar algo que a substituísse.
Para dar maior conforto aos que enfrentam a fila, foi criada a senha. O sujeito entra num banco, retira a senha - e sai para tomar umas e outras... Volta ao estabelecimento, os caixas livres, nenhum cliente em redor. Aí exclama, com a língua enrolada:
- Ué! O jogo já começou? Dá uma entrada inteira e uma meia.
Infelizmente senha não pode ser usada em todos os casos. Num banheiro público, em dia de festa, é impossível distribuir senhas.
- Qual o número de sua senha, o senhor lá no fundo?
- Mil duzentos e vinte e...pronto! não vou precisar mais de senha.
Se não tem paciência para aguardar em filas, você pode arranjar um cão de fila para guardar seu lugar. Cruzado com São Bernardo, o cão de fila pode levar um tonelzinho de pinga no pescoço, para você não perder a hora do aperitivo. Se não puder contar com essas facilidades, dou-lhe um conselho: nunca se posicione perto do cara inexperiente em filas, o que só reclama, diz que esses atendentes são uns molengas, etc. Fique próximo dos profissionais, que ficam em filas o dia todo. Você os reconhecerá facilmente, são aqueles jovens segurando uma enorme pasta, com documentos saindo por todos os lados; aquela senhora que faz seu tricó, puxando conversa com os mais próximos ou a mocinha que aproveita para ler o último livro da Daniele Steel. Esses sim, sabem curtir uma boa fila!
Mas a melhor opção é afiliar-se a um clube de usuários de filas; por exemplo, da fila das duas e meia do INAMPS. Em dois meses, você recebe sua carteirinha. Passa a conhecer intimamente os outros afiliados; o atendente o reconhece de longe, faz um sinalzinho de saudação e, Ã s vezes, dá uma colher de chá:
- O Gonçalves não vem hoje. Pega o lugar dele na fila.