Usina de Letras
Usina de Letras
209 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 62809 )
Cartas ( 21343)
Contos (13288)
Cordel (10347)
Crônicas (22568)
Discursos (3245)
Ensaios - (10539)
Erótico (13585)
Frases (51198)
Humor (20118)
Infantil (5544)
Infanto Juvenil (4873)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1379)
Poesias (141094)
Redação (3341)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2439)
Textos Jurídicos (1965)
Textos Religiosos/Sermões (6300)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Tarde de domingo -- 01/09/2002 - 16:56 (José Ronald Cavalcante Soares) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje é domingo.E eu de mãos dadas com as minhas lembranças. Não estou inquieto nem cheio de remorsos como o Rei Lear. Muito pelo contrário,lembro minha avó,na vetusta idade de 105 anos, conversando firme,mente perfeita, ditando ensinamentos que a longa existência e a observação atenta puderam amealhar.
Lembro, por outro lado, minha avó Sarah, com ditados engraçados e cantigas que eu ainda hoje guardo de cor.
E o passado vai voltando e vai trazendo personagens: Carlota, mais que uma empregada, já efetivada como pessoa da família, de vida misteriosa, saídas rápidas para locais ignorados, mas tão atenta às coisas e hábitos da casa de minha avó Sarah, que eu nunca, em criança, pude enxergá-la como doméstica.
Madrinha Nenzinha, a mais velha das irmãs de Sarah, olhos azuis, pela rosada, lia e trabalhava sem o auxílio de óculos aos noventa anos. Filha de Maria, contrita, rezava sempre e fazia o sinal da cruz toda vez que ouvia um nome mais rude. No entanto, quando, num processo de senilidade acelarado por um atropelamento, de quatro palavras que pronunciava tres eram pura pornografia criada por ela mesma.
Madrinha Branca, gaguejava e vivia de cara amarrada, como se estivesse com raiva do mundo. Preocupava-se com os hábitos deteriorados dos mais novos, aconselhando-os, logo após flagrá-los em deslizes, a ler o Compêndio de Civilidade.
Tia Esther, vida solitária, ranzinza,que se irritava até mesmo quando lhe desejavam um bom dia, respondendo com a voz muito aborrecida: sabe se eu quero ter um bom dia?
O senhor Batelão, apelido nascido nem sei bem como, jogador de "buraco", não sabia perder, ficava dizendo piadas com os outros jogadores, tipo, quando alguém assobiava: vou querer uma cria deste bico!
Padre Pedro, holandês de voz de tenor, enchendo o ar da velha avenida do Imperador nas noites das quermesses saudosas em prol do santuário da adoração perpétua.
E mais o João Barrão, o Laerte, o Chico Xinim...todos já prestando contas a Deus.
São muitas recordações, lembranças que carrega comigo nestas horas paradas de um domingo morno de setembro, antevéspera de primavera.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui