Usina de Letras
Usina de Letras
316 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 62744 )
Cartas ( 21341)
Contos (13287)
Cordel (10462)
Crônicas (22563)
Discursos (3245)
Ensaios - (10531)
Erótico (13585)
Frases (51133)
Humor (20114)
Infantil (5540)
Infanto Juvenil (4863)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1379)
Poesias (141062)
Redação (3339)
Roteiro de Filme ou Novela (1064)
Teses / Monologos (2439)
Textos Jurídicos (1964)
Textos Religiosos/Sermões (6296)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->FAÇA A COISA CERTA OU ACERTE FAZENDO A COISA ERRADA. -- 14/09/2002 - 13:59 (Gabriel Salgado) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
FAÇA A COISA CERTA
OU ACERTE, FAZENDO A COISA ERRADA.

Lauro acordou naquele dia, como costumam dizer, "de ovo virado", justamente quando deveria fazer uma palestra de motivação na empresa que dava consultoria.
Também pudera! Na noite anterior ele chegara em sua casa muito extenuado depois de uma infindável agenda de reuniões, tentando convencer seus clientes, os donos e diretores da empresa que lhe contratara os serviços de consultoria, que, para promover uma mudança radical nos rumos do negócio, precisava ocorrer uma mudança filosófica nos princípios de gestão da mesma. Os patrões estavam preocupados com os baixos índices de produtividade, a falta de comprometimento dos funcionários, a dificuldade de crescimento das vendas, os gastos excessivos com perdas e erros. Sabia que não eram somente os empregados os responsáveis pela situação. Em casa, encontrou mais problemas. Os filhos haviam entupido o vaso sanitário com excesso de papel recortado, usado na colagem de exercícios que eles tinham recebido na escola para fazer em casa. Coube a ele a desagradável tarefa de tentar desentupir a latrina. De tanto dar a descarga, foi-se embora a água da caixa, pois a esposa havia mandado a diarista regar o jardim e como não saísse água da torneira que vinha da rede pública naquele dia, racionada e fornecida em dias alternados, ela simplesmente retirara água da torneira da cozinha. Para piorar, seus filhos e colegas haviam se reunido durante a tarde para estudar, e como não podia faltar pipoca, misto quente, hambúrguer e sorvete, sobre a pia havia naquela hora uma monumental pilha de louça esperando a vez para ser lavada. A diarista certamente saíra antes do lanche da turma. A esposa, naquela noite, chegara mais tarde do que ele, porque após o dia de trabalho, ainda tivera prova na faculdade onde fazia um curso noturno de MBA, única alternativa para merecer promoção e aumento, por mais eficiente que fosse na sua função. Coube a ele, Lauro, botar ordem na bagunça dos filhos, lavar a louça com a água milagrosamente preservada num balde, que a empregada esquecera de despejar no jardim, na pressa de pegar o ónibus de volta para casa. Ele também orientou para que os filhos preparassem os uniformes da escola para o dia seguinte, passou a ferro a camisa que cada um deles iria vestir na futura manhã, tratou dos cães, uma vez que sem eles a segurança da casa estaria ameaçada, mandou que os filhos arrumassem a confusão do quarto antes que fossem dormir, colocou-os na cama superando os protestos e as súplicas para deixar que assistissem o final de Casseta&Planeta, e quando finalmente, tentou sentar diante do computador, para que pudesse refletir e preparar a palestra, eis que chega a esposa e toma a sua atenção, relatando as dificuldades de superar conflitos de poder entre as hierarquias da organização onde ela trabalhava num posto de chefia. Não que ele não quisesse dar atenção a ela, mas as horas passavam e sua preocupação estava em outros problemas. Ouviu os questionamentos tentando se controlar para não cometer o erro de dar palpite. Ela não queria opiniões, desejava apenas que ele ouvisse e perguntasse, mostrando atenção. Finalmente, ela foi tratar de programar o que seria o cardápio do almoço do dia seguinte e ele iludido acreditou que teria a paz e o silêncio para se concentrar. Ledo engano. A cada dois minutos era interrompido com uma pergunta sobre o cardápio mais indicado, sobre alternativas de salada, sobre o comportamento dos filhos, sobre a dificuldade de fazer a máquina de lavar roupas operar já que não tinha mais água na caixa. Repentinamente, ele percebeu que teria que explicar a ela a sua urgência em se isolar e cometeu o sacrilégio de pedir que esperasse um tempo sem falar com ele porque estava tentando concentrar-se no tema da palestra. Notou que não foi feliz na sua solicitação. Recebeu a reclamação e não respondeu. Ela insistiu e ele exasperou-se. Para piorar, a falta da água impedia o reconfortante banho antes de dormir e isso estava pressionando o humor dos dois. Pronto, havia ocorrido o fato determinante, criara a pedra que num piscar de olhos emperrou os dentes da engrenagem da harmonia do casal. Foi por terra a esperança de haver clima para uma relaxante relação sexual naquela noite. Os detalhes do que aconteceu dali em diante, não vem ao caso, apenas vale ressaltar que a tranquilidade para encontrar solução para o tema da palestra ficou muito mais complicada, a quantidade de cigarros fumados com ansiedade foi o dobro do normal e o sono acabou chegando com muita dificuldade de eliminar a tensão. Na sua cabeça a voz de um ex-militante de esquerda, seu colega dos tempo de universidade, repetia: "Calma, esses são típicos problemas burgueses de classe média". Imagine os problemas que a diarista terá encontrado quando chegou em casa depois de uma ou duas horas viajando no ónibus até descer no subúrbio, caminhar por vielas mal iluminadas, correndo o risco de ser molestada por vagabundos e drogados. Na casa, encontrou o marido contrariado, teve que servir o jantar, lavar roupa, preparar a comida do dia seguinte, e uma série de dificuldades que um orçamento muito menor sempre coloca para quem vive perto do limiar de pobreza do povo brasileiro. Assim com o sono perturbado pela contrariedade, Lauro acordou mal humorado, atrasado para levar os filhos na escola, correu para o cliente e entrou minutos antes da hora marcada para a palestra. No instante crucial de iniciar a palestra, teve o insight e lembrou de uma piada que recebera pela Internet. Querem saber o que ele disse?

VIDA DE EMPREGADO É MUITO DIFICIL!
Se chegar pontualmente antes do horário,... é maníaco ou caxias;
Se atrasar... é irresponsável;
Se é jovial... não leva nada a sério;
Se permanecer reservado... tem a mania que é bom;
Se não se preocupa... é um desleixado;
Se fizer um elogio... é um "vaselina";
Se fizer uma crítica... é um inconformado;
Se ficar depois da hora... está tentando uma promoção;
Se sair na sua hora... está "nas tintas" para com o serviço;
Se fizer horas extraordinárias... é porque nunca consegue terminar a tempo;
Se não faz horas extraordinárias... não tem a dedicação esperada;
Se insistir no seu ponto de vista... além de burro, é teimoso;
Se não insiste no seu ponto de vista... não tem caráter nem opinião;
Se for o mais velho da sua secção... é um fóssil pré-histórico, perto a exclusão;
Se for o mais novo da secção... não passa de um principiante;
Se for promovido... é protegido do chefe;
Se não for promovido... é um incompetente ou perseguido;
Se lutar pelos seus direitos... é um agitador anarquista;
Se não luta pelos seus direitos... é um conformista ou reacionário;
Se fizer greve... é um maldito comunista;
Se não faz greve... é um estúpido fascista;
Se tentar ajudar... tem a mania que só ele é que sabe;
Se não tenta ajudar... tem medo que se apoderem dos seus conhecimentos;
Se der uma idéia revolucionária... é porque nada tem a perder e pode correr riscos;
Se a idéia é adotada... O patrão diz que até que enfim alguém descobriu o óbvio;
Se reclamar dessa situação... é um foco de constantes preocupações e deve sair.
ENTÃO SEM SABER COMO AGIR ELE NÃO EVOLUI E ESTACIONA.

MAS VIDA DE PATRÃO OU CHEFE TAMBÉM TEM SEU LADO RUIM.
Se for o primeiro a chegar... é desconfiado e neurótico;
Se chegar mais tarde... é um "vida boa";
Se for afável... não tem pulso;
Se for exigente... nunca está satisfeito;
Se não se preocupa... é um folgadão;
Se fizer um elogio... só quer fazer média;
Se fizer uma crítica... é um picuinha;
Se ficar depois da hora... está de caso com alguém do escritório;
Se sair na sua hora... é porque deixa o difícil para os outros;
Se fizer horas extraordinárias... é porque é muito ganancioso;
Se não fizer horas extraordinárias... é porque fazem tudo para ele;
Se insistir no seu ponto de vista... além de patrão, é inflexível;
Se não insiste no seu ponto de vista... não está de fato preocupado com outra opinião;
Se for o mais velho... é um maldito dinossauro explorador;
Se for o mais novo... teve a sorte de encontrar tudo pronto;
Se for bem sucedido... nasceu com o cu para a lua;
Se não for bem sucedido... vai mandar todo mundo embora;
Se lutar pelos seus objetivos... é um explorador egoísta;
Se não lutar pelos seus objetivos... é porque está ganhando muito fácil;
Se admitir greve... é um maldito enganador que depois vai se vingar;
Se não admitir greve... é um reacionário fascista;
Se tentar ajudar... acha que ninguém sabe direito;
Se não tenta ajudar... tem medo que descubram que não sabe nada;
Se der uma idéia revolucionária... é porque o trabalho pesado não será problema dele;
Se a idéia é adotada... é porque só pensa em mais lucro com menos custo;
Se reclamar dessa situação... nunca dá valor aos funcionários que tem.
EMTÃO ELE PREFERE COBRAR E QUER MUDANÇAS CONSTANTES
SEM SABER COMO DEVEM FAZER.
Minha proposta é que façam uma rodada de revisão nas duas partes envolvidas e depois se reúnam para ouvir o que os demais tem a dizer. Não existe receita pronta, deve ser criada em conjunto, uma vez que os objetivos são do interesse de todos.
Lauro achou que estaria FAZENDO A COISA ERRADA desagradando muito os patrões. Contava com o cancelamento do seu contrato. Depois dessa intervenção, aconteceu o intervalo para o lanche e o burburinho era geral. As pessoas pareciam muito animadas e discutiam entre elas, trocando idéias e rindo muito de piadas parecidas com a situação que ele descrevera. Os chefes e diretores pareciam mais aliviados e descontraídos e se mostravam alegres com o moral alto percebido nas pessoas. A solução teve bons resultados e quebrou o gelo entre os níveis hierárquicos da empresa. Naquele dia Lauro teve a feliz idéia de convocar a família para uma troca aberta de opiniões onde os lados em convívio ouviram a estória e depois resolveram fazer a mesma brincadeira, colocando seu ponto de vista na relação. Foi muito construtivo o exercício e desde então nasceu mais flexibilidade e respeito entre todos, fazendo surgir uma colaboração voluntária de todo mundo.
Moral da estória?
Bem, é que sem problemas, para quê servem as soluções?
Gabriel Salgado.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui