Algum tempo atrás, fiquei admirado com a declaração que o artista de novela Kadu Moliterno fez numa entrevista, dizendo que não deixa os seus filhos assistirem televisão, inclusive as novelas em que participa, porque elas estão repletas de mau exemplo, e que os responsáveis pela programação das TVs só se importam com a guerra suja do IBOPE.
Meus parabéns ao artista, homem e pai, pela declaração, onde mostrou muita coragem e independência, coisa que falta à uma boa parte dos que trabalham no ramo.
O Kadu Moliterno não permite que seus filhos vejam muitos dos programas que são levados ao ar pelos canais de TV.
Na época, ele afirmou que a televisão deseduca.
Essa declaração do artista, me fez lembrar o livro escrito pelo Carlos Eduardo Novaes, que leva o título de "O Garoto Sem Imaginação", onde toda a imaginação que a criança tinha era oriunda dos pobres e estúpidos programas que assistia na TV. Mas um belo dia, acontece uma pane em todas as televisões do Brasil, e o garoto ficou sem imaginação nenhuma, completamente perdido no espaço e no tempo.
Fernando Pessoa dizia que "pensar não é saber", mas somos obrigados a pensar muito, quando vemos o tipo de programação que as televisões oferecem à s nossas crianças.
Num país onde a pobreza cresce assustadoramente, a classe média cada vez mais se deteriora, e fica mais próxima dos pobres, nivelando as camadas sociais por baixo, uma novela que nos mostra uma universitária prostituta, sustentando toda a família, e frequentando belos lugares, não pode ser vista apenas como arte mostrando a realidade da vida.
Os executivos que administram a nossa mídia, só pensam no lucro. Pouco importa para eles se estão passando uma imagem desvirtuada de tudo aquilo que é necessário na formação de uma criança. O que interesssa é a famosa audiência, o resto são pequenos detalhes.
Coitada desta criançada, futura juventude e pobres adultos.
Os pais não possuem tempo para trocar idéias com os filhos. Durante o dia se esgotam no trabalho, tentando arranjar dinheiro, exatamente para "garantir" o futuro deles, que no presente estão em frente aos aparelhos de TV, vendo as melhores formas de como ir dormir com a mulher do amigo, ou com o marido da amiga, as melhores posições para se transar, sem comrpeender bem porque os amantes gemem e berram tanto durante o ato sexual, aprender, nos filmes, a técnica de como se fuzila várias pessoas no menor espaço de tempo, enfim, a criança está entregue a falta de ética e pudor dos marmanjos encarregados de levar o lazer para o público em geral.
Essas crianças, abandonadas nas ruas e nos lares, entregues à própria sorte, deixarão de ver televisão, e começarão a viver a realidade da vida, levando dentro de sí uma imagem completamente distante, e distorcida, da felicidade possivel.
Para completar, acompanham diariamente pelos telejornais, a roubalheira que campeia livre e impunemente no Brasil.
A imagem de um Luis Estevão sentado em berço esplendido no pátio de um orgão policial, lendo calmamente um livro, é o exemplo de que ficar milionário roubando é uma coisa viável.
Cinicamente, os ladrões de colarinho branco dão entrevistas, a maior parte em liberdade, dizendo que nada fizeram, e que as suas fortunas alucinantes foram conseguidas com muito trabalho.
Num telejornal, sai a notícia que o juiz Nicolau dos Santos Netto, envolvido num roubo de R$169 milhões, na prisão até o povo esquece-lo, conseguiu um atestado de pobreza.
E a criançada e jovens, ficam sem entender direito porque o presidente da República luta com unhas e dentes, para que uma CPI, destinada a apurar roubalheiras, não seja instalada.
Neste caso dos telejornais, as televisões não tem culpa, e merecem todo o elogio possivel, pois denunciam a corrupção epidêmica que acontece em todos os níveis da sociedade brasileira.
As televisões não podem deixar de mostrar as reportagens em que os ladrões do dinheiro público gastam livremente o produto de seus roubos, confortavelmente instalados em suas mansões, com seus carros importados, muita festa e convidados famosos, irradiando uma alegre felicidade financeira, deixando confusos os jovens que serão o futuro do país.
A noção de honestidade fica cada vez mais confusa e distante da criança e do jovem..
E o "Fantástico" da TV Globo nos comunicou que o Brasil é campeão mundial de mortes por armas de fogo.