Manhã de domingo. O teclado do computador diante dos meus olhos, pela cortina entreaberta filtra-se a luz de um sol meio encoberto pelas nuvens que se aninham no nascente. O monitor permanece com a tela inteiramente branca. Os meus dedos parecem entorpecidos, enquanto o pensamento busca se agasalhar em alguma idéia para a crónica. O ar condicionado deixa o ambiente numa temperatura confortável, mas faz um barulho que incomoda. Meu neto dorme tranquilamente no berço colocado atrás de mim. Aí eu raciocino que não há nada no mundo mais comovedor e reconfortante que o sono de um bebê. Por vezes, um ritus de sorriso vem até os seus lábios(deve estar sonhando com muito leite, muita comidinha e muito brinquedo para colocar na boca); de outras vezes, ao contrário choraminga, faz beicinho(o leite acabou, não há comidinha nem brinquedo para experimentar na boca).
É o que sempre digo para minha filha quando ele sonha de um jeito ou de outro. Meu neto dorme, indiferente à campanha política, ao desmandos dos administradores, à subida do dólar, à triste situação dos países do mercosul, à indiferença do mundo ("que é surdo e que é cego").
Meu neto dorme... e eu fico pensando que existe um tesouro em minha casa e na casa do meu filho mais velho, onde, com certeza, meus outros três netos devem estar despertando do seu sono reparador.
E os leitores, o que têm a ver com isto? Ora, cada qual, se for avó, que preste bem atenção ao sono dos seus netos.