Os advogados do juiz Nicolau dos Santos Netto procuram brechas na lei, para que o conhecido ladrão possa curtir o privilégio de uma prisão "super especial", na qual o mesmo venha a ter privacidade, colchão macio, frigobar, televisão, aparelho de som, celular, visitação livre nas 24 h do dia, e outras regalias que irão botar água na boca de muita gente que nunca roubou nada na vida.
O juiz também poderá ser agraciado com uma conexão para a Internet, onde o mesmo fará belos chats para ajudar a passar o tempo. Um sexo virtual lhe fará muito bem. Basta um script do MIRC. Sua execelência poderá até criar um canal, do qual ele será o founder. Um nome sugestivo seria por exemplo #Admiradores_do_Nicolau. É aconselhável que seja um canal fechado, entrada com senha.
Segundo as previsões dos entendidos no asssunto, o Nicolau dos Santos Neto não deverá passar mais de dois anos nesta mordomia "super especial". Será solto.
Mas afinal, quem é que tem direito a prisão especial aqui no Brasil ? Eis a trajetória do benefício por ordem cronológica de data:
1941: Ganharam o direito ministros, governadores, prefeitos, secretários, vereadores, parlamentares e deputados estaduais.
Os oficiais das Forças Armadas e dos bombeiros.
Mais os policiais.
Quem já foi jurado.
Quem tem diploma universitário.
Todos esses e mais os detentores da Ordem Nacional do Mérito, dada a quem "enriquece o património nacional" por meio de serviços ou "doações valiosas".
1956: Entraram os dirigentes sindicais.
1961: Entraram os pilotos da aviação comercial.
1967 Entraram os jornalistas, com direito a sala com "todas as comodidades".
1970: Entraram os oficiais da Marinha Mercante.
1983: A vez dos professores de primeiro e segundo graus.
1994: Os advogados adquiriram direito a "sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas".
O mais interessante, é que neste festival surrealista de privilégios, nós podemos observar as expressões "todas as comodidades" e "instalações e comodidades condignas".
Entretanto, para se obter uma prisão especial, mesmo o camarada estando enquadrado num destes items aí em cima, ele só consegue se tiver muito dinheiro e conhecimento, porque esta operação é uma coisa muito enrolada, e destinada para ladrões de grande porte, que são aqueles do colarinho super branco mesmo. São pouquissimos os presos que gozam deste privilégio que a lei lhes faculta. Eles precisam roubar muito, para poderem distribuir com fartura e sabedoria o dinheiro entre as pessoas certas.
O negócio é tão enrolado, que conseguiu tumultuar a cabecinha da gloriosa Monique Evans, no primeiro programa "TV Fama" do ano, que ela comanda na Rede TV!. O Vidente Roberio de Ogum fazia previsões para 2001. "Qual a previsão para o juiz Nicolau?", perguntou ela. "Ele vai cometer suicidio", responde o vidente. "É mesmo?" diz ela espantada. "É", reitera Ogum. E a Monique Evans indaga: "Mas ele mesmo, ou alguém o mata?"
Mas quando lembramos do "suicidamento" do Paulo Cesar Farias, entendemos o que a Monique Evans queria dizer. No Brasil existem dois tipos de suicidio: o comum e o especial.
Dentro de pouco tempo ninguém mais estará falando no ladrão Nicolau. A vez agora é do grande malandro Eurico Miranda, que está se tornando um triste folclore do futebol brasileiro, mas que, aparentemente, é uma fichinha perto do juiz.
Entretanto, já tem gente reclamando que estão descobrindo muitos ladrões, e que este assunto já está ficando chato. Além disso, estas descobertas atrapalham o frenético ritmo de trabalho do governo federal, e tiram a concentração do presidente da república, voltado que está, dia e noite, para a solução do estado de miséria em que está atolado grande parte do povo brasileiro.
Toda vez que vejo um ladrão sem pedigree exposto diante das cameras da televisão, algemado e obrigado a fazer pose, não posso deixar de lembrar do aparato que as autoridades montaram para preservar a imagem de um ladrão porco e cínico como o juiz Nicolau dos Santos Neto.
Sem dúvida nenhuma isto aqui é a casa da mãe Joana.