Estava de passagem,
indo e vindo,
sem lugar certo prá ficar,
mas estava de passagem.
No caminho de agrulhos,
encontrei uma ponte de encarquilhos.
Do outro lado da ponte,
envergada de madeira,
e solicitude de musgos,
estava alguém acenando.
Esperto, até certo ponto,
acenei de volta, com meu tímido
arredio.
A outra pessoa do outro lado
falou mais alto:
"Vem, que é raso,
vem que flutua,
vem que a água é tépida."
Indeciso, me arremessei de
pensamentos.
Mas, de medo imprevisível,
sai logo dali.
Fui embora
por outra estrada,
menos arenosa
e sombreada de eucalíptos.
No caminho de pedras magras
enontrei um morador da região
- abastado de lenha às costas -.
Perguntei indeciso,
ao que achei de pobre homem:
quem fica do outro lado
da ponte a acenar?
E ele atorniquetado de toras
me disse:
é a dona da vida e da morte
que chamam os caminhantes.
E se eles não forem - perguntei
meio agro -
De duas uma - parecia refletir ele -
ou a pessoa está a beira da vida ou
da morte...
e o que o sr. disse - perguntou
o homem dos dos feixes.
Vim embora correndo - falei
já com meio-pé de medo.
- Então não se preocupe -
disse ele - se a pessoa nada te fez
é sinal que sua vida de nada vale
e sua morte, muito menos ainda.
Você está apenas de passagem
entre o claro e o escuro,
entre a vida e a morte,
procurando um caminho
que não existe;
procurando sentimentos que
já se foram -arredou ele.
E disse ainda:
Sua hora já é da noite,
e sua imagem só torquilha
medo e ansiedade.
Você não está aqui nem lá:
por isso se acalme:
você está apenas de passagem !