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Cronicas-->Tem Dia que à Noite é Foda! -- 27/09/2002 - 21:30 (Bruno Freitas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Faz tempo que eu desisti das noites mal dormidas, e tenho adquirido o costume de dormir até tarde. As noites em claro não fazem mais parte do cotidiano deste morcego arrependido. Nunca mais passei uma noite morcegando na avenida. Isso até chegar a hora da verdade, o momento inevitável ao qual estamos todos destinados. Pois, é da natureza humana e peça vital para nossa sobrevivência.

Era assim, a noite mal começava e a lembrança da rua, incitava sobre mim forte domínio e atração. As noites, além de mal dormidas eram de fantasia e alucinação, envoltas numa bruma de mistério e histeria, regadas a tequila e aspartame. Gin tónica parecia a melhor coisa que existia. O sangue subia rapidamente, misturando-se com todo o álcool derramado goela abaixo.

Antes que a noite terminasse, uma bela volta na carruagem do prazer anónimo pelas ruas da cidade. As portas cerradas do boteco não intimidavam nem cachorro manco. Pois, mesmo imitando o caminhar de um cachorro manco, as noites terminavam num posto de conveniência da esquina. A cerveja de latinha amontoava as cestas de lixo e transbordavam até a calçada da rua, entupindo os bueiros de alumínio e latão.

O final apoteótico se dava na aurora do dia seguinte, quando todos derretiam e corriam para casa, transpirando a ressaca da noite anterior. A cama macia virava uma chapa de fritura, e o dia se engordurava de repente, como uma camada grossa de margarina mesa e cozinha, com seus novos potes coloridos. Os ruídos diurnos se misturavam com os pensamentos no fundo de toda a rebordosa da noite mal dormida.

Dizem os cientólogos, que os neurónios não descansam durante o dia, mas eles não sabiam das cortinas blecautes da mais alta tecnologia. As velhas persianas de pêvêcê, por mais nobres e chiques que pareçam, não serviam pra descansar os pobres neurónios. Dizem mais, que uma vez queimados, os neurónios, jamais regeneram-se. E até parece que as noites mal dormidas seriam apenas para esse intuito, queimar os neurónios.

As noites mal dormidas, além de servirem como um ensaio para futuras noites mal dormidas, servem como um estudo para as possibilidades de reprodução. Isso mesmo: Reprodução. A eterna pesquisa, através das noites mal dormidas, em busca da parceira perfeita, e por quem um dia apaixonar-se e casar-se-ão, para depois terem seus filhos. As futuras noites mal dormidas viriam com a chegada do primogênito.

Na véspera do filho não chegar nunca, você apenas imagina as noites em claro cuidando da cria. Acariciando o rebento, vigiando seu sono de repente. Porém dessas, noites mal dormidas, qualquer neurónio sobrevive. Pois, os neurónios podem ter dificuldade de regenerarem-se durante o dia, mas possuem grande facilidade de regenerarem-se diante do sorriso dos pequenos, da maciez dos seus cabelos, da alegria contida em seu choro, da força de vida envolta no mistério de sua inocência.

Felizes são as noites mal dormidas, enquanto a mão balança o berço.



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