A estranha flor desabrochou bem no meio das duas estradas enormes, sob a copa frondosa de uma árvore de folhas crespas e escuras.
De longe, olhando-se para aqueles lados, numa visão do alto, a flor dominava a paisagem com suas pétalas carnudas, de cor rosada em forma geométrica definida.
O homem andarilho parou no entroncamento, deitou o olhar perscrutador nas duas estradas nuas e viu a flor. Suas mãos enormes acariciaram as pétalas e ele também as fez passar pela copa frondosa daquela árvore protetora.
A flor, ante aquele contato, intumesceu e deixou exalar um perfume suave que enebriou o olfato daquele homem afeito a tantos encontros e tantas descobertas.
Naquele instante, vinda do ignoto, soprou uma fraca brisa que o homem recebeu na face como uma carícia.
Resolveu deixar a flor adormecida e prosseguir na sua incessante caminhada. Seus pés de andarilho sabiam todos os segredos do caminho e ele sentia no peito a eterna e insopitável vontade de descobrir, de ver novidades, de levar a todos os lugares a sua insaciável sede de amar.