Um raio de sol esgueirando-se pelas frestas da cortina, iluminando a poalha, chegando à beira da cama, mostrou que já era dia. Gustavo da Matta, com dois tês, levantou-se de um salto, olhou rapidamente para o relógio e viu que estava atrasado para um dos mais sérios e importantes compromissos de sua vida: levar o netinho que tinha o seu nome para o primeiro dia de escola.
Nem teve tempo de fazer a barba. Tomou um chuveiro apressado, vestiu a primeira roupa que viu ao abrir o guarda-roupa, calçou o sapato e esqueceu das meias e nem se lembrou, também, de colocar o cinto. Arriava enquanto andava, obrigando-o a sungar a cintura das calças de minuto a minuto. Mas, nada daquilo importava, estava feliz, leve e solto. Cantarolava uma musiquinha interminável e repetitiva. Deu partida no carro e rumou para a casa do filho. Lamantava que a mulher não estivesse ali e imaginou como seria bom avó e avó irem juntos levar o netinha à escola.
O garoto já estava de uniforme, esperando-o no portào. Distraído, não viu o caminhão que manobrava de ré. Morreu com um sorriso afivelado aos lábios. Nos olhos sem brilho, quem sabe, ficara a imagem do neto que ele não pode levar ao primeiro dia de aula na escola.