A última vez que conversamos não sabíamos que seria nossa última vez. Lembro me daqueles instantes e únicos talvez, quando falavamos um com o outro naturalmente. Os apertos de mãos, os beijos no rosto, nossos olhos fixados dentro de nós como se intuissem o adeus. As palavras percorriam o ar entre eu e você para nos murmurar carícias de despedidas. E não percebíamos porque já estavamos acostumados com aqueles momentos de talvez e poréns. Mas,sem nos avisar, finalmente chegou o fim e só descobrimos quando demos tchau! Daqueles inesquecíveis e perdidos minutos restou o papel da bala que me dividiu na boca antes de ir. O papel está guardado junto com os bilhetes velhos das viagens que fizemos juntos pelo mundo. Agora viajaremos sozinhos sem saber para qual lugar. Também tem uma pedrinha e uma folhinha seca como prova de que; um dia fomos alguém um para o outro. Estes mimos estão alheios ao que é passado, ao que já teve ponto final. Pequenas trocas de afetos entre dois seres que hoje nem mais se reconhecem. As trocas não mentem, algo já existiu e foi eterno. Era eu e você ontem, hoje eles, ficcionou o tempo que morreu e as histórias que viveram na magia do último aceno.