E o silêncio me honra com o refúgio de tanto barulho inútil que tenho ouvido. Me são farpas envenenadas com estupidez que me ferem ultimamente. É tudo divagação, sem fim, sem propósito, imutável e imbecil. Idéias ínfimas e palavras inconscientes, certezas descabidas e focos ridículos. E essa coceira irritante que não finda em mim...Maldito são meus ouvidos que me provam da tristeza desse mundo e dessa triste juventude da qual me envergonho de fazer parte. É futilidade, superficialidade, espetáculos de aparências falsas, máscaras, apelações, circos, shows de horror....E ainda são piores os que se acham providos de conteúdo. Pseudo-intelectuais, asnos raros e verdadeiros, armados de chavões, frases clássicas e incrivelmente boçais que, decoradas, são ditas para tentar esconder a ignorància intrínseca que lhes faz parte...Mal sabem do que falam, mal sabem o que pensam, mal pensam e em mim dói. Me faz sentir perdida, solta num mundo de poucos que realmente procuram evoluir... Mas também que faço aqui? Este texto é igualmente inútil... São palavras que em mim são sentimentos mas ao leitor ainda assim são só palavras...Sofro em vão...Tenho poucos segundos de sua atenção e mais pouco ainda de resposta...E então o que importa, afinal? Isto também é falatório...Se morro amanhã, política é um tema inútil para se discutir hoje, filosofia não me será mais necessária infelizmente, e religião seria algo que estaria a pouco para descobrir, não precisando mais de minha infinita busca...O que se torna relevante? E quais as nossas diferenças, então? O que nos destingue quando vivemos a única condição, muitas vezes esquecida, inerente a tudo que respira, a morte? Qual a diferença entre nossos últimos suspiros, nossos últimas batidas de coração? Qual a diferença entre os vermes que roerão nossas carnes frias? O que há para se discutir, para se fazer? O que é realmente válido? O que vai além da podridão deste corpo que carregamos, desses assuntos mundanos e passageiros?
Suspiro e divago. Quando tenho olhos queridos nos meus, chego a ter essas respostas que me trazem alguma paz...Talvez, só talvez, nada mais importante do que sentir a pele brindada com beijos queridos e ver nos olhos deste alguém o que lhe deseja: "Fica em paz que eu te amo.". Calma, menina, calma, ele faz carinho nos meus cabelos.