Tenho transitado demasiadamente pela região do sofrimento, tenho gasto muita tinta e papel desfraldando a bandeira da dor, tenho sido frágil, humilde, cabisbaixo, calado, meditabundo, percorrendo páramos remotos da cinza e monótona paisagem do pranto silente, da mágoa profunda, dop queixume que incomoda tanto aquele que se queixa quanto aquele que escuta o palavreado entremeiado de suspiros e gemidos.
Resolvi dar um basta:"ri, o mundo rirá contigo; chora, chorarás sozinho".
O mundo apressado, nervoso, competitivo, desumano, tresloucado que nós vivemos não admite pesos mortos, tira-prazeres, pessoas que só trazem desconforto e chororo.
Então, para não ser incluído nesse rol dos excluídos, afivelei aos lábios a máscara mais risonha, retirei do fundo do baú do conhecimento as palavras mais engraçadas e as piadas mais hilariantes e estou no circuito dos bobos da corte, saltimbanco das atividades reais, rindo e cantando, cantando e rindo até mesmo das desgraças.
E, curiosamente, desde o dia em que assim resolvi adotar tal comportamento, esqueci-me das tristezas e procurei, rapidamente, resgatar todas as minhas dívidas.