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Cronicas-->SUA EXCELÊNCIA, O LOUCO! -- 08/11/2002 - 18:05 (Ucho Haddad) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Alguns dias após ter sido consagrado nas urnas, Luiz Inácio Lula da Silva deixa de ser o senhor da mídia, começando a dividir o espaço dos noticiários com aumentos de preços e rebeliões em presídios. Aos poucos, a ilusão da mudança repentina vai cedendo terreno ao imediatismo do caos.

A maior preocupação ainda continua sendo a escolha do comandante da economia brasileira e que rumo o escolhido dará a ela. A bússola da economia brasileira deverá estar sempre apontada para a busca da dignidade do povo, salvo alguma mudança de discurso, em detrimento do lucro fácil e espúrio de alguns vorazes capitalistas. Mesmo tendo adotado um discurso moderado, pincelado pelo idealismo de centro-esquerda, Lula ainda causa dúvidas no mercado financeiro internacional, ao mesmo tempo em que patrocina certezas.

Mergulhado em um oceano de controvérsias, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O´Neill, cometeu a infàmia de dizer que o mercado analisaria com muito cuidado as declarações do presidente eleito para estar seguro de que não se trata de uma pessoa louca. A psicose imperialista de O´Neill foi referendada pela maioria da mídia americana. No contraponto do comentário do secretário americano surgiu o presidente George W. Bush telefonando ao presidente eleito, cumprimentando-o de forma festiva. A loucura, como a verdade, tem dois lados, e por isso é melhor não se apressar em conclusões psiquiátricas.

Simultaneamente às teatrais boas intenções do presidente americano, o New York Times afirmava que a vitória petista colocava tempero na relação entre o Brasil e os Estados Unidos. O argumento usado pelo jornal para justificar tão insosso pensamento foi o antagonismo dos princípios político-partidários de ambos presidentes. Mesmo assim, George W. Bush insiste em afirmar sua intenção de ter o Brasil como parceiro. Quanto mais se tentava remendar o discurso do Tio Sam, pior ficava a situação.

Transferiram a responsabilidade para Tony Blair. Dias antes o primeiro-ministro britànico fora acusado de irresponsável pelo jornal The Guardian, apenas por não ter dado importància a Lula, o maior líder da oposição, quando da sua visita ao Brasil em 2001. Incumbido de cerzir as desfiadas declarações americanas, Blair expós o pensamento da ala dominante através do editorial do The Times. Agora é hora de pragmatismo e não de ideologia. Com esse conceito o periódico londrino desfilou em suas páginas uma avaliação tacanha do desconhecido, mas salientando a integridade do passado do presidente-operário. O editorial finaliza enfatizando a necessidade de Lula manter uma posição liberalista e jamais retroceder a um socialismo falido que fatalmente terminaria de quebrar o Brasil.

Mas o que vem a ser pragmatismo?
Pragmatismo é a tese de que o fundamento de uma doutrina deve convergir para algum tipo de êxito ou satisfação.

Analisando a imensidão do caos brasileiro pode-se dizer que fomos vítimas do pragmatismo capitalista, cujo fundamento principal sempre foi aniquilar a dignidade de populações inteiras, no estrito dever de proporcionar êxito e satisfação a uma minoria desalmada.

O fato é que o mundo foi tomado por declarações desbaratadas, numa clara demonstração de que o Brasil não é uma republiqueta qualquer e que o entreguismo favorecia a poucos. Muito mais do que isso mostrou aos brasileiros que o Brasil não é apenas um país bom de bola. Na verdade, muito além dos gramados, pistas e passarelas o Brasil pode e deve provar que é genial e desconcertante como Mané Garrincha, talentoso e obstinado como Ayrton Senna e arrebatador e cativante como Gisele Bundchen. Que o Brasil dribla e goleia, acelera e vence, encanta e requebra como nenhum outro país.

Nós brasileiros precisamos mostrar ao mundo que, mesmo não fazendo um bom governo e descumprindo muitas de suas promessas, e o panorama atual remete a tal conclusão, Lula será útil ao nosso futuro da mesma forma e intensidade como foi para o nosso passado. Se no passado o politizado retirante nordestino liderou a revolução sindicalista contra a ditadura, hoje, o repaginado metalúrgico é responsável pela revolução da consciência patriótica contra a nocividade do sectarismo exclusivamente capitalista. Previsões pessimistas à parte, o fenómeno Lula se eternizará como o despertador da consciência nacional.

Mas seria o presidente eleito um louco como afirmou Paul O´Neill?
É possível que sim. Para se candidatar a inventariante de uma herança tão sórdida, só mesmo sendo louco.

Mas afinal, de presidente e louco todo mundo tem um pouco!
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