Jamais o Brasil viveu situações tão díspares na sua história como agora. A farsa promovida por Fernando Henrique Cardoso durou o tempo necessário para que a horda presidencial pilhasse o país, levando inclusive a dignidade do cidadão. Repleto de tecnocratas e saltimbancos, o governo utiliza os números como muleta da incompetência. Tentam explicar o inexplicável através de estatísticas manipuladas e enganadores neologismos mercadológicos.
Em enfadonhas entrevistas, falam sobre superávit primário, saldo da balança comercial e outras invencionices que não chegam aos ouvidos da maioria do povo brasileiro. Por mais que mintam, cabe aos atentos mostrar ao povo a face verdadeira da situação. Enquanto o presidente Fernando Henrique Cardoso consumia o dinheiro público viajando pela Europa com as netas, a realidade brasileira era traduzida pelo realismo numérico e pela dureza dos fatos.
Diante da alta dos preços e tendo que conviver com o fantasma da inflação, o presidente Fernando Henrique tem usado como escudo as estatísticas de algumas áreas do governo esquecidas pela mídia e pela oposição. Manipulados, tais números têm proporcionado ao presidente a chance de ser laureado pelo mundo afora, por pessoas que desconhecem a realidade brasileira ou são tão ineficientes quanto o condecorado.
Fernando Henrique gaba-se do progresso na área da Educação, mas a maioria dos brasileiros ainda continua tomando ónibus pela cor, falando menas e se enchendo de poblemas. Dias atrás, duas notícias publicadas na mesma edição de um grande jornal brasileiro passaram despercebidas aos olhos dos leitores.
Criado em 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM acabou se transformando naquela folclórica arma cujo tiro sai pela culatra. A nota média do último exame foi a mais baixa desde a sua criação. Isso mostra que a Educação retrocedeu, e não avançou como blasfema o presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao salpicar o mundo com relatórios sobre os avanços do país, Fernando Henrique está cometendo o crime do estelionato, pois induz as pessoas ao erro. Se qualquer reitor de uma universidade que tenha lhe concedido um título ou uma honraria visitar o Brasil, de forma anónima e independente, irá cassar a condecoração no dia seguinte à constatação da nossa triste realidade.
No contraponto do retrocesso do ensino, o universo da Educação brasileira mostrou ao mundo que nem tudo está em queda livre, mas muito pelo contrário. O preço do material escolar aumentou, em média, 35%. Mas a irrealidade do Real provoca uma realidade dura e muito diferente. Uma lista básica de material escolar, aquela que transforma o aluno em um analfabeto básico, aumentou 73,91%. Passou de R$ 230 para R$ 400, enquanto o salário-mínimo resiste nos R$ 200. Numérica, matemática e financeiramente é impossível que um trabalhador consiga mandar um filho para a escola. Enquanto o preço do material escolar dispara, o nível do ensino despenca.
Mas a insanidade e o descaso não são exclusividades do governo federal. Em São Paulo, o executivo municipal descumpriu a legislação e utilizou uma verba destinada à construção e reforma de escolas para a compra de uniformes. Para as autoridades não importa se o cidadão é analfabeto, desde que esteja bem vestido. A continuar assim, o lema paulistano NÃO SOU CONDUZIDO, CONDUZO, em latim NON DVCOR DVCO, terá, em breve, o seu significado invertido pela condução da ignorància. Passará a ser NÃO CONDUZO, SOU CONDUZIDO.
Estatísticas e números à parte, o ENEM também produz surpresas. Mesmo sem ter participado da avaliação promovida pelo governo federal, uma aluna do segundo grau recebeu, em casa, uma correspondência com a sua nota classificatória. O que começou alegoricamente como um avanço do governo, vai terminar vergonhosamente como um engodo eleitoreiro. Ninguém acredita mais no ENEM!
Mas e o dinheiro gasto na criação, implantação e divulgação desse processo de avaliação?
Não tem problema, pois o dinheiro é do povo!
Desestimulados, os pais preferem ver os filhos trabalhando, na vã e ilusória tentativa de ser uma última tábua de salvação para uma indigna sobrevivência. Milhares de crianças se espalham pelas esquinas do Brasil, vendendo amendoim, balas, flanelas e até mesmo o próprio corpo, quando deveriam estar nos bancos das escolas. Em meio a tantos problemas, o presidente FHC se preocupou em dourar a sua face lenhosa nas escaldantes areias dominicanas, carregando embaixo do braço mais um título de Doutor Honoris Causa, honraria concedida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Mas afinal, por que as crianças não vão à escola? Não vão porque são indignos famigerados e precisam sobreviver. Se forem irão morrer de fome ou desaprender o pouco que a dura vida lhes ensinou.
Depois dos chamados aviões do tráfico de drogas, a necessidade acabou criando uma nova profissão infantil, até então sem nenhuma qualificação. Famintas, muitas famílias que vivem à s margens de ferrovias incentivam os filhos menores a subirem nos trens de carga, ainda em movimento, para provocar acidentes e conseguirem subtrair as mercadorias que se esparramam pelas margens. Fato semelhante ocorreu dias atrás, quando uma composição ferroviária descarrilou, por obra de menores que burlaram o sistema de engate dos vagões. Como planejado, a maior parte da carga de açúcar e milho foi levada pelos adultos.
Burros, mas com a barriga cheia, espreitam o próximo trem!
Diante de tantos antagonismos, fica a dúvida sobre o conceito utilizado por renomadas universidades para a concessão de títulos e comendas. Se aniquilar uma nação, levando dezenas de milhões de pessoas à miséria e ao analfabetismo, é caso para condecorações, algo deve estar errado.
Fernando Henrique Cardoso é um mitómano compulsivo, ou mundo está com algum fio trocado!